São Paulo (AUN - USP) - A maior parte dos estudantes e cirurgiões dentistas não está preparada para lidar com pacientes diabéticos. È o que revela uma pesquisa de pós-graduação da Faculdade de Odontologia da USP. A aluna da área de Clínica Integrada, Anna Carolina Ratto Tempestini Horliana é a apresentadora do trabalho, exibido na exposição da XIII Reunião de Pesquisa.
A pesquisa consiste no resultado de uma série de entrevistas feitas com alunos de diversas faculdades de Odontologia e profissionais da área. Foram entrevistados 104 acadêmicos e 78 cirurgiões. Desses, apenas cinco responderam de forma satisfatória quais eram os cuidados a serem tomados com pacientes diabéticos.
Outro problema apontado pela pesquisa é que muitos profissionais não procuram detectar a doença, antes de iniciar o tratamento. Entre os entrevistados, 108 afirmaram não ter a preocupação em verificar se o paciente possui ou não diabetes. Isso é bastante perigoso, já que entre a população geral, muitos possuem a doença, mas desconhecem o fato. Isso pôde ser observado através de outro estudo elaborado por Anna, e que também faz parte da pesquisa. Realizaram-se no HU (Hospital Universitário) testes de diabetes em uma amostra de 204 pacientes entre 18 e 80 anos. Não houve indicações prévias. Dentre os examinados, 17 eram diabéticos (14 mulheres e três homens). Desses, dois não sabiam e três não seguiam o tratamento recomendado pelo médico.
A importância em saber se o paciente é ou não diabético, antes de iniciar um tratamento odontológico, consiste no cuidado com alguns procedimentos clínicos e medicamentos prescritos pelo cirurgião dentista. A dificuldade de coagular o sangue, por exemplo, é uma característica da doença que deve ser levada em conta no caso de extrações de dentes ou cirurgias odontológicas.
Todas as pesquisas feitas foram aprovadas pelo comitê de ética em pesquisa da FOUSP. Além deste, outros projetos estão expostos no pavilhão central da Faculdade.
Diabetes
O diabete é uma doença relacionada à falta de insulina no organismo, o que causa um aumento da taxa de glicose no sangue. A doença não tem cura, mas pode ser controlada. Porém, se não tratada, pode causar lesões como infarto, derrame ou cegueira.
Nos últimos anos, o número de pessoas diabéticas tem aumentado bastante. Segundo dados do Ministério da Saúde, hoje são 175 milhões de pessoas com a doença, mas em 2030 prevê-se que 350 milhões sejam diabéticos. No entanto, cerca de metade não conhece o diagnóstico.
Em geral, esses pacientes concentram-se em países em desenvolvimento. Cerca de 7,6% da população urbana sofre com essa doença.