São Paulo (AUN - USP) - A exposição “Hiroshima – Testemunhos e Diálogos”, que esteve no MAC Ibirapuera até o início de novembro, pode ser considerada uma espécie de ensaio para uma iniciativa mais ambiciosa: a fundação do Museu da Tolerância, primeira instituição do gênero na América Latina.
O novo museu é uma iniciativa do Laboratório de Estudos sobre a Intolerância (LEI), que administrará a instituição. Além de um espaço para exposições, o prédio do museu, que será construído próximo à Faculdade de História, abrigará a biblioteca do LEI, o acervo do centro de estudos, do qual fazem parte mais de 10 mil microfilmes sobre a Inquisição, e um auditório. A comissão responsável pelo projeto pretende inaugurá-lo até o final do próximo ano.
O Museu da Tolerância não se destacará por seu acervo, mas sim pela proposta de interação com os visitantes. A idéia é construir um espaço que não se limite a expor objetos. O museu será focado na educação, tendo como público-alvo principalmente estudantes do Ensino Fundamental e Médio. A idéia é que os alunos tenham contato com novas técnicas para museus e sejam conscientes do abuso contra os direitos humanos. Segundo Zilda Grícoli Iokoi, historiadora do LEI, o conceito da instituição será o de um museu-escola, semelhante a museus como o Centro Simon Wiesenthal, em Los Angeles, e o novo Museu da Tolerância de Jerusalém, em Israel.
O museu terá uma exposição permanente, no qual os temas dominantes serão a Inquisição, a escravidão, o massacre de colonizadores europeus contra indígenas e o Holocausto. Nessa última seção terá destaque a história oral, devendo ser exibidos depoimentos de judeus que se radicaram no Brasil para fugir do nazismo. Além do acervo permanente, o espaço abrigará mostras temporárias, abordando outros exemplos de intolerância.
O LEI
O Laboratório de Estudos sobre a Intolerância foi criado em 2002 pelo Departamento de História da USP, após seguidas reivindicações da professora Anita Novinsky. Os estudos aprofundados sobre os processos do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição permitiram à historiadora reunir um vasto acervo documental sobre o assunto e despertaram seu interesse em relação ao tema da intolerância.
Inicialmente projetado para estudos da época colonial, o laboratório mais tarde teve suas pesquisas ampliadas para os períodos moderno e contemporâneo. Ao aumentar os debates sobre a intolerância, o LEI tem como objetivo permitir uma outra forma de relacionamento entre os homens, pautado pela tolerância.