A micro e minigeração de energia eólica e solar no Brasil ainda têm um longo caminho para percorrer e chegar ao ideal desejado. Seja por falta de políticas públicas mais eficientes, ou pelo preço elevado da tecnologia, os investimentos nesse tipo de energia no país ainda são muito baixos. Enquadram-se em micro e minigeração aquelas que geram até um megawatt de potência. E para estimulá-las, em 2012, a Agência Nacional de Energia Elétrica criou a resolução 482, que permite que consumidores que são alimentados pela rede elétrica em baixa tensão, ou seja, setores comerciais, residenciais, e algumas industrias, tenham oportunidade para gerar sua própria energia, e o excedente seria colocado diretamente na rede elétrica.
Esse tipo de sistema chama-se “compensação de energia”, e já é feito outros países, como os Estados Unidos. O consumidor gera sua própria energia, e se houver excedente, ele é jogado na rede elétrica e a concessionária fica com ele. O consumidor não recebe por isso. Se produzir mais do que consumir, ele terá um crédito que será abatido na próxima conta de energia. O consumidor só vai pagar a diferença caso seu consumo seja maior do que a energia gerada.
Apesar de parecer um grande estímulo, o cenário é bem diferente. Eliane Fadigas, orientadora do mestrado defendido na escola Politécnica "Micro e minigeração eólica e solar no Brasil: propostas para desenvolvimento do setor”, do aluno Daniel Tavares Cruz, comenta que os pedidos para os sistemas de consumidores se conectarem a rede elétrica não chegam a 300 no país “Isso não chega a nem 60 kwatts [quilowatts]de potência. Apesar desse incentivo, a geração de pequena escala, com modo fotovoltaico (solar) e turbinas eólicas, ainda são muito caros no Brasil. Nós não temos fabricação própria”.
Para estimular mais a micro e minigeração de energia no Brasil, o autor da dissertação apontou algumas soluções, como por exemplo, criar um órgão do governo voltado especificamente para a geração de pequeno porte, elaborando políticas públicas para fomentar e criar um mercado com maior participação. Deve-se também melhorar a linha de financiamento, com redução de impostos. Investir em universidades e instituições de pesquisa, sobretudo na capacitação laboratorial, para que possam apoiar indústrias no desenvolvimento de tecnologias adaptadas ao nosso cenário interno.
A falta de tecnologias adaptadas representa outro grande entrave. “As tecnologias utilizadas são desenvolvidas e fabricadas em outros países com as condições de ventos de lá”, comenta Eliane. “As condições são diferentes no Brasil, e o nicho para geração e distribuição está principalmente nas áreas urbanas, com comportamento dos ventos não muito bom. Portanto, deve-se investir na criação de geradores com tecnologias mais adaptadas a essa realidade”.