ISSN 2359-5191

20/05/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 37 - Sociedade - Escola de Educação Física e Esporte
Pesquisa descreve perfil de gestores de instalações esportivas
Resultados alertam para influência política e falta de formação específica
Política tem influência na nomeação de gestores; falta de formação específica também preocupa

Uma pesquisa desenvolvida na Escola de Educação Física e Esporte da USP (EEFE), fez uma análise descritiva acerca do perfil dos gestores de instalações esportivas do município de São Paulo: 70% dos pesquisados atuavam em instalações públicas e os resultados trouxeram alguns alertas sobre essa profissão, como a influência política na nomeação desses gestores, a falta de uma formação específica e a falta de um padrão gerencial.

A pesquisa se dividiu em três partes. A primeira delas estudou o perfil sociodemográfico desses profissionais e verificou que há uma predominância masculina nessa área. Essa predominância, em sua grande maioria, é composta por homens acima dos 50 anos de idade. O que chamou a atenção de Cacilda Amaral, autora da pesquisa, foi que, em contrapartida, esses gestores possuem tempo de cargo muito baixo – cerca de dois anos –, além de 60% deles terem chegado até essa posição por meio de indicação. “A gente começa a perceber, então, que hoje as instalações públicas do município são geridas por profissionais sujeitos a troca dependendo do partido, ou do secretário que está à frente da gestão do esporte, o que prejudica a continuidade de projetos”, afirma.

A segunda questão levantada foi a formação dos profissionais: 55% deles são formados em Educação Física, mas dentro dos outros 45%, havia uma infinidade de profissionais de outras áreas do conhecimento, desde administração – o que, para a pesquisadora, “também faria sentido” –, à psicologia, nutrição e até teologia. “Será que eles tiveram na formação profissional deles conhecimentos necessários pra se gerir um centro esportivo?”, questiona Cacilda.


Por fim, a pesquisa abordou a função que esses gestores exercem em seus cargos. Notou-se que os profissionais têm pouca atuação na administração econômico-financeira dessas instalações e na gestão de recursos humanos, que se limita à indicação de horários e turnos, e não se estende à formação de equipes, isto é, apesar de ele próprio ter sido indicado, ele não realiza essa tarefa, seja por conta de concursos públicos, no caso de instalações do governo, ou por conta de outros entraves dentro de locais privados.

A maior inserção dos profissionais está na área de manutenção, oferta e exploração das instalações, algo que vai ao encontro do que era esperado. No entanto, os gestores se mostraram muito mais ligados a tarefas operacionais do que estratégicas. “Ao invés de pensar a reforma, ou construção de um novo espaço, ou participar do planejamento estratégico daquela instalação, ele ainda fica cuidando se a quadra está com o piso em perfeito estado, se a tabela do basquete está quebrada, e isso, na verdade, poderia ser feito por outras pessoas, já que ele ocupa um quadro de gestão e é a pessoa do mais alto cargo dentro da instalação”, critica.

No marketing, porém, houve uma surpresa positiva. Nesta área, os gestores se mostraram mais proativos, sendo a atuação em que eles mais se apresentam como “diretores”, de fato. “A conclusão a que a gente chegou é que, na verdade, os gestores não apresentam um padrão gerencial. Em algumas áreas ele é operacional, em outras ele já se apresenta proativo e em outras ele nem atua”, afirma. A pesquisadora acredita que isso é um problema e reforça que devem ser colocados, em postos de gestão, profissionais gerenciais, ou seja, que atuem em planejamento estratégico e deixem de se prender a atividades operacionais, que podem ser delegadas a outras pessoas.

Para ela, a formação desse gestor também deve ser repensada. O Sindi Clube (Sindicato dos Clubes do Estado de São Paulo), por exemplo, que auxiliou na realização da pesquisa, demonstrou interesse nesses resultados para aprimorar seus cursos de formação e capacitação de gestores. Cacilda acredita ser essa a grande importância de seu projeto: ajudar a melhorar esses profissionais a partir das falhas que eles apresentam. “A intenção da dissertação era dar esses apontamentos, sobre quais seriam as lacunas que deveriam ser exploradas para formação continuada desse profissional”.

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