A professora Lilian Gregory, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnica da USP (FMVZ) trabalha com pesquisas a fim de comprovar o uso da folha de bananeira no controle de verminoses em pequenos ruminantes.
Os vermes utilizados no estudo são o Haemonchus contortus e o Trichostrongylus colubriformis, os principais causadores de problemas em cabras e ovelhas. O primeiro verme chega a retirar do animal cerca de um copo de sangue por dia, causando anemia, perda de peso, hipoproteinemia (falta de proteínas no organismo), edema e enfraquecimento do animal. O segundo é menos invasivo, mas, ainda sim, causa apatia e diminui a absorção de substâncias necessárias ao animal.
No estudo, foram usadas folhas da bananeira, que, normalmente, são descartadas. No ensaio in vivo, não houve eliminação total dos vermes, mas o controle das verminoses foi efetivo, de forma que um dos testes demonstrou menor eclosão dos ovos nas fezes desses animais. Dessa forma, comprovou-se a eficácia dos componentes da bananeira para o controle dessas verminoses, apesar de não ser igualável a um vermífugo, que zera a quantidade de ovos no exame de fezes.
Apesar de já existirem na literatura científica trabalhos sobre o assunto, a professora Lilian explica que nessa pesquisa os testes foram muito mais detalhados. Além disso, para complementar, a professora, em outra pesquisa, tenta agora patentear uma fórmula de fitoterápico combinando certa porcentagem de folha de bananeira dentro de um volumoso com capim em ração. Assim, “pode-se fazer um controle das veminoses através da pastagem”, explica a professora. Dessa forma, além de prevenir as verminoses em pequenos ruminantes através da própria alimentação, seria agregado valor à folha da bananeira, já que o bananicultor aproveita apenas as bananas e acaba por descartar o restante da planta. Outra vantagem é que os gastos de criadores seriam diminuídos, já que o capim é caro para ser produzido e ele seria utilizado em uma quantidade menor, já que as folhas da bananeira entrariam na dieta.
Além disso, a professora Lilian Gregory é coorientadora na pesquisa de pós-graduação de Paulo Sampaio, que ainda está em andamento e tem o objetivo de desvendar qual é o princípio ativo presente nas folhas da bananeira que controla as verminoses. Atualmente é aceito que o princípio ativo seria o tanino. Porém, apesar de ser um vermífugo, o tanino é encontrado em pequenas quantidades nas folhas de bananeira, de forma que talvez a substância que controla os vermes possa ser outra.