ISSN 2359-5191

26/06/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 58 - Sociedade - Escola Politécnica
Energia extraída das ondas do mar é alternativa para população carente
Ilha dos Arvoredos. Fonte: Subsea Brasil


A energia pode ser obtida de inúmeras formas, todavia, o grande desafio está em distribuí-las às populações carentes, de forma simples e rápida. Pensando nisso, Mario Kawano, professor de engenharia da FEI, desenvolveu um sistema a base de sucata que gera energia elétrica das ondas do mar, em seu doutorado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

O sistema é composto por um tambor que acompanha as ondulações do mar, junto com um braço que aciona o pistão. O mecanismo é semelhante à alavanca de um sistema de bombeamento de agua de poços artesanais. O  pistão é ligado a um cilindro, de tal forma que fazendo o movimento de sobe e desce das ondas, puxa-se água. Posteriormente, essa agua é bombeada até um reservatório a aproximadamente 20m do local, e uma mangueira solta a água para baixo, fazendo girar uma  turbina semelhante a uma roda d’água, gerando energia e alimentando uma bateria.

O projeto foi construído na Ilha dos Arvoredos, no Guarujá, que está em posse da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP).  Por estar localizada a 2km do continente, a eletricidade  utilizada é proveniente do diesel, dando abertura para testar novas fontes de energia. A partir do desenvolvimento na Ilha, Kawano pode levar o sistema a outras regiões, sobretudo para pessoas carente sem acesso a energia.

O sistema também pode usar quedas d’água no lugar das ondas do mar para girar a turbina. Checando no Google regiões isoladas da baixada santista que contêm quedas d'água, o professor procura pessoas que moram nas regiões encontradas e monta o projeto de forma totalmente gratuita. A energia obtida é de de baixa produtividade, por volta de 100 a 200w, mas é suficiente pra ligar uma geladeira, luzes noturnas  e carregar o celular

“Dependendo do manuseio da pessoa, o custo de instalação é barato” comenta Roberto Koji Onmori, orientador da tese . “Ele usa só peças sucateadas. O custo maior seria a bateria, que não tem como reciclar, com um valor de aproximadamente 500 reais, e o sistema elétrico, como o inversor, para tocar a geladeira, que custa entre 600 e 1000 reais. O resto é criatividade pra montar”.

A montagem do gerador elétrico nessas comunidades não conta com nenhum tipo de financiamento e os custos saem do bolso dos professores. “Fazemos para fim sociais, ganhamos mais amizade do caseiro de lá [Ilha dos alvoredo] do que outras coisas. Mario acaba arcando com custos mais pesados, que são as baterias e os inversores. Depois, contando a gasolina do carro, para chegar nos locais, sai por volta de  500 reais. A gente diluiu isso em prol do social” comenta Roberto.

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