A fim de testar a eficiência das técnicas de manejo utilizadas para a extração de madeira em áreas de concessão florestal, dissertação de mestrado da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP desenvolveu uma equação matemática capaz de mensurar a produtividade. O estudo, “Otimização dinâmica e controle na extração de recursos florestais”, foi elaborado por Carlos Eduardo Hirth Pimentel.
A pesquisa mostra que os procedimentos comuns do manejo florestal (tempo de rotação, modo de corte, porcentagem extraída etc) são eficientes e respeitam a dinâmica de crescimento florestal. Para isso, Pimentel considerou a taxa de crescimento anual, tipo de vegetação, capacidade ambiental e outros fatores da Floresta Nacional do Jamarí, em Rondônia.
O modelo matemático usado é baseado em sistemas complexos, que comportam a interação entre diversos agentes. Para analisar o rendimento da concessão florestal, Pimentel elaborou uma equação que demonstra os resultados financeiros, com base no preço de mercado da madeira, custos da área e taxa de depreciação. Esta, no entanto, tem como restrição a equação que traduz a dinâmica florestal. "Ou seja, a otimização dos ganhos deve respeitar o crescimento sustentável da madeira. Ultrapassar isso não é uma opção", explica o pesquisador.
A combinação das equações resulta na densidade florestal que é possível extrair sem agredir o meio ambiente. Para a Floresta Nacional do Jamarí, que possui taxa de crescimento de 1% ao ano, a taxa máxima de extração sem predatismo é de 48,4 m³/ha, o que significa encher um caminhão e meio de madeira a cada campo de futebol. "Cada área, espécie vegetal e clima possuem uma equação diferente, com índices distintos. Cada caso é um caso", ressalta o aluno.
Sistema de concessão
A Lei de Gestão de Florestas Públicas, de 2006, institui que o governo pode conceder a empresas e comunidades o direito de manejar áreas florestais para extrair madeira, frutos, produtos não madeireiros e oferecer serviços de turismo. Em contrapartida ao direito do uso sustentável, os concessionários pagam ao governo quantias que variam em função da proposta de preço apresentada durante o processo de licitação destas áreas. (Serviço Florestal Brasileiro).
A concessão, no entanto, tem diversas regras de extração, como o uso de manejo florestal, que garante que a produção seja contínua, já que preserva as árvores menores. A escolha do usuário de certa área é feita através de licitação: vence aquele que apresentar o projeto mais sustentavelmente vantajoso.
Uso comercial
Pimentel realizou o estudo com composições florestais heterogêneas e garante que a precisão é ainda maior com vegetações homogêneas, como uma plantação de araucárias. Quanto ao consumidor final, responsável pela concessão, o pesquisador afirma que é possível ajudá-lo a otimizar sua extração através da equação. No entanto, seria um pouco trabalhoso averiguar todos os dados de crescimento da concessão e geraria custos iniciais.
A pesquisa foi desenvolvida entre 2012 a 2014, com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) desde 2013. A dissertação teve orientação do professor Marcone Corrêa Pereira.