São Paulo (AUN - USP) - Cigarras zumbindo, casacos e cobertores guardados, dia claro às 8 da noite, academias lotadas. Não é apenas a temperatura mais quente que evidencia a proximidade do verão. Desta época do ano em diante intensifica-se cada vez mais o chamado “culto ao corpo”. Muitos desejam estar em forma para não fazer feio na próxima estação. No entanto, para se atingir bons resultados não bastam força de vontade e várias horas dentro das academias; uma alimentação adequada também é fundamental.
Reza a lenda que uma dieta enriquecida com proteínas melhora o desempenho daqueles que desejam aumentar a própria massa muscular. Porém, um estudo recente da Escola de Educação Física e Esportes (EEFE) da USP constatou que apenas a ingestão de proteínas não é suficiente para o desempenho esperado dos músculos.
De acordo com a pesquisa realizada por Patrícia Veiga de Oliveira, praticantes de musculação geralmente suplementam a alimentação com proteínas e, por isso, acabam diminuindo a ingestão de carboidratos – substâncias fundamentais para o aumento tanto da massa quanto da capacidade muscular (leia-se força). Dezesseis voluntários da Escola de Educação Física da Polícia Militar foram acompanhados pela pesquisadora e tiveram sua evolução analisada durante oito semanas. Os voluntários, que treinavam três vezes por semana, foram divididos em dois grupos (de acordo com a dieta determinada): hiperprotéico e normoprotéico.
Os integrantes do grupo dos hiperprotéico (HP) agiram como os freqüentadores de academia: aumentaram a ingestão de proteínas. Ao passo que aqueles do grupo normoprotéico (NP) mantiveram a ingestão normal de proteínas e supriram com carboidratos a quantidade calórica da suplementação protéica do grupo HP.
Os resultados apontaram que após oito semanas, o grupo NP obteve melhor desempenho que o HP. Além de um aumento de área dos músculos e a maior força adquirida no exercício “tríceps francês”, aqueles que complementaram suas dietas com carboidratos apresentaram uma redução das concentrações de cortisol no corpo – ao contrário do grupo HP, que registrou um aumento na concentração da substância.
A possível explicação para os resultados levantados pelo estudo diz respeito ao fato de que a menor ingestão de carboidratos contribui para o aumento da concentração de cortisol no organismo. Por conseqüência, isso pode ter causado a falta do substrato necessário na produção energética, comprometendo a síntese protéica. A pesquisadora conclui que o melhor caminho para melhores resultados nas academias é a ingestão protéica associada à suplementação de carboidratos. Além, é claro, de disciplina.