São Paulo (AUN - USP) - Pessoas entre 22 e 60 anos são as mais excluídas do atendimento odontológico do SUS (Sistema Único de Saúde). É o que revela a dissertação de Mestrado do aluno Celso Zibovicius, da FO (Faculdade de Odontologia). Para a pesquisa, foram enviados relatórios aos 645 municípios do Estado de São Paulo. Destes, 377 responderam. A partir desses relatórios observa-se que apenas 42 cidades realizam ações coletivas com adultos da faixa etária citada. Já com crianças entre 3 e 14 anos, o número sobe para 370 municípios (98,1% das cidades entrevistadas).
Esses números refletem um fato apontado por diversos especialistas: o SUS se constrói sob um grande paradoxo. O número de especialidades abrangidas vem aumentando juntamente com as desigualdades no atendimento à população. Há uma grande tendência na realização de ações coletivas de cunho preventivo voltada para crianças e gestantes.
Por outro lado, 52% dos municípios declaram dispor de atendimentos especializados em todas as áreas da Odontologia. Entre estas, Endodontia, ramo responsável pela saúde da polpa dentária, está em primeiro lugar em 112 cidades.
Segundo a pesquisa, há diversos motivos que levam a essa conclusão. A epidemia de cárie no começo dos anos 90 é um deles. No entanto, a demanda por um grande número de cirurgiões dentistas especializados é o principal impasse. Crianças de zero a 14 anos na apresentam, em geral, problemas mais simples, que podem ser resolvidos por um único profissional. Já entre os adultos, os casos são dos mais diversos, o que exige a contratação de profissionais específicos de periodontia, ortodontia, cirurgia oral menor, entre outras.
Para o cirurgião Marco Manfredini, “ao mesmo tempo em que caminhamos rumo à universalização das ações de atenção à saúde bucal, engatinhamos na perspectiva da universalização da assistência”.