ISSN 2359-5191

06/01/2006 - Ano: 39 - Edição Nº: 23 - Saúde - Faculdade de Medicina
Mulheres à procura de vida sexual melhor

São Paulo (AUN - USP) - Falta de desejo, incapacidade em atingir o orgasmo e dor durante a relação: estas são as três principais queixas da vida sexual feminina que levam um número cada vez maior de mulheres procurar a ajuda de especialistas. Em um balanço dos seus mais de 10 anos de existência, o Projeto Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do HC (IPqHC) registra um aumento ano a ano em seus atendimentos, proporcionalmente maior entre as mulheres; em palestra no IPqHC, a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do ProSex, destacou que a proporção entre homens e mulheres entre os milhares de pacientes atendidos, que em 1993 era de sete homens para uma mulher, chegou nos atuais dois homens para cada mulher.

Os transtornos de sexualidade afetam tanto homens como mulheres, e englobam desde a orientação sexual e dificuldades em atingir o orgasmo até distúrbios como as parafilias (das quais a pedofilia é um exemplo). Os homens parecem estar mais acostumados a discutir o assunto, e, mesmo às vezes demorando muito, acabam procurando ajuda médica. Já com as mulheres, fatores culturais, religiosos, morais e de educação influenciaram, e ainda influenciam, a maneira de entender e praticar o sexo. Levando-se em conta, por exemplo, que a amputação do clitóris é realizada até hoje em países do Norte da África, pode-se perceber quão profundas essas influências afetam o imaginário feminino. Foram os estudos realizados dentro do ProSex que identificaram as três principais queixas das mulheres. Para os especialistas, a procura por ajuda profissional é muito importante para ajudar a resolvê-los, mas também é fundamental estimular a intimidade entre os parceiros, para que juntos descubram como proporcionar o prazer para ambos.

Enquanto nossas avós raramente se referiam às suas dificuldades sexuais, hoje a atitude mudou e muitas se queixam de não estarem sexualmente satisfeitas. “A mulher hoje é menos reprimida, e busca o conhecimento do seu corpo e do seu prazer”, analisa a psicóloga Ana Ferri. Se no papel normas e leis procuram igualar direitos entre homens e mulheres, na realidade os avanços têm sido muito vagarosos, especialmente em países como o Brasil, de tradição latina, em que o machismo ainda é muito proeminente na sociedade. Entretanto, o fato de a mulher sair da posição de apenas dar prazer ao homem e buscar o seu próprio é um reflexo claro da mudança que movimentos feministas vêm proporcionando na cultura mundial – e neste ponto, é interessante notar que as pacientes atendidas no ProSex são na maioria jovens, por volta dos 30 anos de idade.

O ProSex, que hoje atende cerca de 800 homens e 400 mulheres por mês, tem uma linha direta gratuita à disposição de todo o Brasil, de segunda à sexta-feira, em horário comercial, pelo telefone 0800-162044.

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