ISSN 2359-5191

02/07/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 62 - Ciência e Tecnologia - Escola Politécnica
Novo método agiliza identificação de deslizamentos de terra
Técnica cruza dados de satélite e relevo e auxilia Defesa Civil na prevenção de acidentes
Deslizamento de terra na rodovia Imigrantes. Fonte: Estado de São Paulo

Um sistema criado por um doutorando da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo trouxe uma nova alternativa na identificação de pontos de deslizamento de terra, próximos a rodovias ou conglomerados urbanos, afim de prevenir possíveis acidentes. A ferramenta cruza imagens de satélite com mapas de relevo, criando uma avaliação integrada de cicatrizes de deslizamentos já ocorridos, a fim de localizar áreas com maior potencial de novos desastres.

“A ideia foi usar imagens de sensoreamento remoto e dados de relevo, combinados de forma a identificar áreas com maior potencial de ocorrência de deslizamentos, achando locais de cicatrizes. Elas são as marca que a ocorrência deixa na paisagem, como marca de corrida de lama, vista naquelas fotos bem clássicas”, comenta Luiz Manfré, autor da tese.  

O funcionamento das imagens de satélite se baseiam no espectro eletromagnético: “é como se o pegássemos e decompuséssemos em varias faixas, fatiando-o”, explica Manfré. Cada uma dessas faixas é uma imagem separada que compõe uma cena daquela data e horário do lugar especifico. Essas imagens são ‘matrizes’, e cada ‘pixel’ tem um valor para aquela faixa do espectro. “Quando falamos em mexer com imagens de satélite, falamos basicamente em contas, e interpretar aquela resposta espectral daquele objeto especifico em interesse”, ressalta. O cálculo é feito para identificar o padrão da resposta, nesse caso do deslizamento. Define-se as especificações daquele alvo e o software separa na cena os alvos que têm as mesmas características, ou seja, características de deslizamento.

Eu seus estudos, o doutorando, após essa análise, usou dados de relevo que foram sintetizados, localizando as áreas com maior potencial de desastre. Depois, separou as que eram mais críticas e, a partir delas, identificou algumas áreas associadas às rodovias Anchieta e Imigrantes, que já tinham casos de deslizamentos.

Segundo o desenvolvedor, o resultado obtido foi bastante positivo, pois facilita o trabalho da Defesa Civil. Ela é composta por grupos pequenos, de cinco ou seis pessoas, que devem cobrir grandes áreas, e em períodos de chuva normal os eventos de deslizamento são recorrentes e requerem uma resposta rápida da defesa civil.  Muitos desastres também ocorrem em áreas remotas, em que não há muito conhecimento do tamanho do deslizamento e do potencial de risco que ele pode causar a alguma área próxima.

Em sua tese, Manfré localizou um deslizamento na Anchieta que prejudicou cerca de 700 metros da rodovia. “A identificação rápida desse tipo de evento é muito importante. Faz-se uma varredura rápida de uma área grande usando um satélite em um período bem mais curto”, comenta. Com essa varredura, é possível saber quais são os locais de potencial deslizamento e as áreas que precisam ser avaliadas, caso precise de alguma obra para contornar o problema ou retirar a população da região.


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