Motivado pela escassez de estudos a respeito de inovação em empresas de serviço de pequeno porte, Marcelo Meirelles analisou o caso das lavanderias domésticas da cidade de São Paulo. Além de indicar quais são os tipos de inovação que podem ser promovidos por essas empresas, o pesquisador constatou que essas inovações trazem melhoria na competitividade e produtividade. Outro ponto destacado pelo pesquisador - orientado pelo professor Guilherme Ary Plonski na elaboração de sua tese de doutorado - foi o interrelacionamento entre os tipos de inovação.

Embora muitas lavanderias pratiquem inovações, Meirelles verificou que a maioria não sabe sequer o que está fazendo de inovador: “Delimitei todos os tipos de inovação, para que tivesse a certeza de que estavam contundentes. Para isso, entrevistei dez especialistas na área, e todos eles validaram os pontos elencados”. Entre os tipos de inovação, destacam-se as inovações organizacional, tecnológica e sustentável.

Após a pesquisa qualitativa com especialistas, o pesquisador chegou à população final de 664 empresas de pequeno porte na cidade de São Paulo. Os dados, obtidos através de um programa da Fiesp – Inteligência de Mercado – permitiram com que Meirelles utilizasse 10,7% dessa amostra para a sua pesquisa quantitativa: “Entrevistamos 71 lavanderias, fazendo contato uma a uma”.

“A lavanderia pode inovar em novos modelos de negócio utilizando um telefone celular. Posso, por exemplo,  ter uma loja que não é física, aí você entra em seu smartphone, coloca quantas peças tem para lavar, uma pessoa as retira em sua casa, avisa quando estiverem prontas e você as recebe”, afirma Meirelles, que destaca a importância desse caso para a Geração Y. Para ilustrar a inovação de marketing, o pesquisador cita a possibilidade de se aumentar o leque de negócios. “A lavanderia pode ser, por exemplo, uma lavanderia voltada a estudantes universitários. É um público diferente”, completa.

Os resultados obtidos na tese realizada na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAUSP) mostraram que o interrelacionamento entre mais de um tipo de inovação melhora a competitividade e a produtividade de determinada empresa. “A tese mostra que esse tema, muito desprezado pela Academia, existe. Segundo, mostra que é possível fazer alguma coisa com esses dados”.

“O que mais me surpreendeu foi a percepção das lavanderias sobre o fato de inovação estar acoplada a essas duas variáveis: produtividade e competitividade. Claro que as empresas não praticam todas essas inovações, mas elas têm uma percepção”, disse Meirelles. Mesmo assim, muitas lavanderias estudadas não entendem, por exemplo, como têm melhorado seu faturamento.

“É muito importante inovar. Tanto tecnologicamente quanto organizacionalmente. O cara que fica na frente da loja é o coordenador das ações e ele tem o contato com o cliente final. Esse cara é quem vai alavancar a venda e fazer o ‘back office’ funcionar”, afirma o pesquisador, que acrescenta: “Então é preciso investir em inovação para capacitar o cara da frente em recursos humanos e o cara de trás com tecnologia”.