São Paulo (AUN - USP) - Uso de garrafas plásticas para purificar a água na Região Norte do Brasil. Revitalização de uma área de lazer em Osasco. Estes foram alguns dos projetos desenvolvidos pelo Poli Cidadã. Os resultados positivos do programa, que existe desde 2003, fizeram com que uma de suas iniciativas fosse apresentada em um encontro no Japão. O programa, coordenado por Antonio Luís de Campos Mariani, professor do Departamento de Engenharia Mecânica, teve início com o aproveitamento das propostas de trabalhos de formatura dos próprios alunos. A idéia consiste em aplicar os conhecimentos sobre engenharia, adquiridos na Universidade, em favor de necessidades sociais de determinadas regiões, sejam elas rurais ou urbanas.

A Assistente Técnico de Pesquisa, Cultura e Extensão da Poli, Maria Inês Piffer, que participou de vários projetos, conta que um dos propósitos é, a partir de procedimentos simples, incorporar hábitos que melhorem a qualidade de vida de comunidades carentes. “Existe todo um conhecimento técnico, mas, às vezes, uma pequena solução resolve o problema de muitas pessoas”, diz.

Uma das últimas iniciativas aconteceu em janeiro, no estado do Tocantins. Durante 12 dias, uma equipe formada por pessoas da USP, da Fundação Bradesco, da Pontifícia Universidade Católica de Brasília e do Massachussetts Institute of Technology (MIT) estiveram em Canuanã desenvolvendo diversos trabalhos. Um deles consistia em tentar diminuir o índice de impureza da água consumida. Para isso, garrafas PET cheias de água foram expostas ao sol durante um determinado tempo. O calor absorvido ajuda a tornar o líquido mais limpo. Aos poucos, foram feitos aperfeiçoamentos para que o processo fosse potencializado, como a pintura de partes das garrafas e a criação de suportes de alumínio.

De acordo com Maria Inês, o objetivo do Poli Cidadã não é apenas desenvolver a técnica. Existe também um trabalho de conscientização dos membros das comunidades sobre a necessidade de manutenção dos procedimentos ensinados. Em alguns lugares é possível capacitar líderes comunitários, que ajudam a dar continuidade ao processo.

Nathalia Patrício, que cursa Engenharia da Computação, participou de um projeto realizado também no mês de janeiro, no Jardim Conceição, em Osasco. Com o auxílio de moradores da região, uma praça foi reurbanizada, resgatando um espaço de vivência do bairro. “Acredito que serei uma profissional muito mais completa. A engenharia é uma ciência que só tem razão de ser se for para resolver problemas das pessoas”, afirma a aluna.

Uma das ações do programa foi apresentada no Encontro de Estudantes sobre Desenvolvimento Sustentável, que aconteceu no Japão, no início do mês de março. Na opinião de Maria Inês, esta é uma forma muito interessante de mostrar para o mundo a produção de conhecimento desenvolvida no Brasil. Devido à boa repercussão, a idéia é tornar o Poli Cidadã algo cada vez mais freqüente. Instituições ou pessoas físicas interessadas em cadastrar temas, ou seja, necessidades identificadas em alguma localidade, devem acessar o site www.poli.usp.br . A partir daí, os alunos propõem projetos, com a orientação de um professor, sobre um tema específico “A engenharia precisa desta transferência, caso contrário, ela não faz sentido”, conclui.