ISSN 2359-5191

24/08/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 81 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Tartarugas marinhas são tratadas com cirurgia a laser
Tratamento inovador não causa sangramento e auxilia cicatrização dos animais do Aquário Municipal de Santos
Tartaruga verde com fibropapilomatose

Com o objetivo de investigar o uso do laser de alta potência, ou laser cirúrgico, para remoção de fibropapilomatose (tumores) em tartarugas marinhas, Fábio Sellera, aluno da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnica (FMVZ) da USP, em parceria com o Aquário Municipal de Santos, tem realizado esse tratamento nos animais do Aquário. Ao contrário do laser de baixa potência, o de alta potência trabalha em altas temperaturas, cortando o tumor.

Normalmente a cirurgia convencional é feita com bisturi ou bisturi elétrico. O bisturi elétrico, além de realizar o corte, esquenta o tecido, realizando a cauterização. Porém, esse método aumenta o risco de necrose, pois prejudica a cicatrização, já que a área adjacente ao tumor também morre com a alta temperatura do bisturi elétrico. “É um calor não seletivo”, explica Fábio.

Já o laser trabalha de uma forma diferente, mais seletiva. O organismo possui diferentes pigmentos naturais que absorvem comprimentos de ondas distintos. Para cortar o tecido, é usado um laser que é absorvido pela pele, e apenas a parte do tecido que absorver o laser é que será cortada. Dessa forma, a precisão é muito grande, e o dano causado nas células que estão ao redor do tumor é muito menor, já que o calor não é intenso, mas limitado, fazendo com que a cirurgia seja menos agressiva.

Outro fator positivo é que a cirurgia não apresenta sangramento, mesmo sendo realizada nesses tumores que são muitos vascularizados. Isso acontece pois, quando o pigmento da pele absorve o laser, a energia é transformada em calor, cortando e cauterizando apenas aonde o laser incide. Outro ponto positivo da cirurgia feita com o laser de alta potência é que existem estudos que comprovam a existência de um efeito residual da luz que ajuda no processo de cicatrização. Todos esses fatores colaboram para que a recuperação seja mais rápida.

Além da exposição ao público, o Aquário possui uma parte das atividades reservada para a educação ambiental, conscientizando o público. O Aquário também possui trabalhos de reabilitação, que englobam o tratamento dessas tartarugas. Elas são encontradas encalhadas nas praias do litoral paulista, já que esses tumores impossibilitam que elas se nadem de forma adequada. Depois de resgatas, o Aquário trata esse animais e a intenção é que eles retornem para seu habitat natural. Os veterinários do Aquário Municipal de Santos, Gustavo Henrique Pereira Dutra e Cristiane Lassalvia Nascimento, receberam Fábio Sellera de portas abertas para que esse tratamento fosse feito nas tartarugas. O tratamento está sendo utilizado na rotina do aquário e as observações clínicas de cicatrização pós-cirúrgica estão sendo anotadas para possibilitar a criação de protocolos de forma a transmitir as informações com segurança.


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