O professor Gerardo Kuntschick da Escola de Artes, Ciencias e Humanidades, pesquisador na área de processamento digital de imagens e sensoriamento remoto, tem interesse na utilização acadêmica de drones. Após retornar de um pós-doutorado na Espanha, aonde são utilizados drones para contagem de rinocerontes na África, monitoramento de aves e de queimadas em áreas de conservação, Gerardo vem criando uma frente de pesquisa no bioma Cerrado onde, a partir da utilização de drones, pretende desempenhar a função de prevenção de incêndios.
Gerardo explica que incêndios são comuns e naturais no cerrado, mas a ação do homem faz ser muito mais frequente. Muitas vezes são iniciados incêndios controlados por produtores locais, mas o risco desses incêndios saírem do controle é muito grande: “qualquer faísca que sai voando pode causar um incêndio enorme”.
Através da utilização de VANTs , o pesquisador pretende definir um padrão de focos de incêndio, determinado pela quantidade de matéria orgânica presente principalmente em áreas protegidas do bioma. A partir da definição deste padrão, seria possível acompanhar com mais eficácia o comportamento de cada área.
De acordo com Gerardo, a utilização de drones para o reconhecimento e mapeamento das áreas que está planejando será mais eficiente além de menos custoso, comparado com a utilização de imagens por satélite, método utilizado atualmente para o sensoriamento remoto: “o problema da utilização de imagens de satélite é que ele oferece imagens de um determinado local em intervalos de 7 dias, e sua qualidade depende muito das condições meteorológicas deste local no momento em que a imagem é capturada. Caso o dia esteja nublado, a possibilidade de conseguir uma imagem boa é quase nula”. Tendo em vista as dificuldades do uso de imagens de satélite, o pesquisador tem em mente a utilização de VANTs, pois podem conseguir imagens no momento que for necessário e sua qualidade é mais garantida por voarem perto da superfície.
Tópico em pauta por sua vasta populização, os drones tem sido bastante discutidos por conta da amplitude de usos aos quais podem ser designados e de seu custo reduzido. Projetados e desenvolvidos originalmente pelo exército norte-americano, os drones ou, como chamados no Brasil, VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados), foram idealizados com finalidade exclusivamente militar, mas por serem aparelhos independentes e funcionais, há grande interesse em sua utilização civil e comercial.
Atualmente a utilização desses aparelhos por civis, ainda que praticada por muitos, é claramente ilícita. As regras atuais garantem o uso lícito dos aparelhos exclusivamente para a Polícia Federal, o Exército e Força Aérea, e para Pesquisa acadêmica.
A regulamentação do uso de VANTs está sendo discutida no Brasil pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), atualmente em minuta presente em audiência pública, até a data de 3 de outubro. A proposta de mudança na regulamentação dos VANTs os divide em três categorias de acordo com seu peso e define regras específicas para cada categoria, além de questões como o estabelecimento de seguro para os aparelhos, idade mínima, entre outros.