São Paulo (AUN - USP) - USP é a primeira universidade a aderir ao Gespública (Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização), do professor Paulo Daniel Lima Barreto, e conta com o apoio de sua reitora, Suely Vilela. Para o professor, este já é um bom começo, devido ao nome que a universidade carrega, o que ajudará a enfrentar essa área refratária a mudanças que é a educação.
No último dia 20, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP cedeu o Auditório Ariosto Mila para a realização de uma oficina cujo objetivo era discutir meios que viabilizassem melhorias nos critérios da gestão pública.
Essa foi a primeira oficina de avaliação do Gespública desde que o professor Paulo Daniel lançou o seu projeto. Coordenada por ele, a apresentação foi dividida em 3 partes. Durante a primeira, foram expostos alguns problemas mais recorrentes de acordo com sua experiência e contato no meio. Depois, o professor expôs seus contrapontos, explicando como aqueles problemas deveriam ser combatidos. Finalmente, em uma parte reservada apenas aos funcionários da USP responsáveis pela administração de seus setores, ocorreu a oficina propriamente dita. Cada pessoa deveria falar sobre como funciona a gestão de seu setor e eram discutidas as possíveis mudanças para se obter melhores resultados.
O maior problema apontado pelo professor é o duelo de egos dentro de uma infinita cadeia hierárquica, ou seja, ninguém abre mão de uma assinatura para que determinado projeto seja agilizado; as funções estão cada dia mais superficiais e giram em torno da burocracia.
Dentre os deveres de uma universidade pública, por exemplo, estariam o ensino, a pesquisa e a extensão, mas, para que isso ocorra bem, necessita-se de gente que trabalhe e se dedique à gestão. Assim, há duas pernas que sustentam uma boa gestão: o funcionário, que não deve vir de um treinamento cuja missão seja “formar um idiota especializado, mas sim mão-de-obra pró-ativa”; e a própria instituição, que melhor trabalharia se expusesse suas estratégias e discutisse seus planos e metas visando eficiência administrativa e ganho social. Neste ponto, o professor destacou a importância de um plano, que, no mínimo, serve de orientação. A auto-avaliação acompanharia esses dois constituintes da boa gestão, a partir de relatórios e prestação de contas ao público, tornando a gestão pública uma gestão transparente, como deve ser. Ainda, impessoalidade e moralidade são urgentes, caso contrário poderia gerar-se uma rede de compromissos, caracterizando o clientelismo, que deve ser descartado.
O programa não é descritivo, ou seja, não funciona como um manual de instruções; ele busca aumentar a capacidade de formulação, implementação e avaliação da gestão universitária a partir da desburocratização. Assim, “insumo + ação + resultado = gestão por resultados”, como apontado pelo professor. É importante deixar claro que “desburocratizar” é igual a “tirar o excesso de burocracia”, principalmente no setor público, em que é necessário um mínimo de rigidez hierárquica.
Paulo Daniel concluiu sua exposição deixando claro que não se deve confundir gestão pública com gestão privada, pois o setor desta pode fazer tudo desde que a lei não proíba, já o daquela só pode fazer o que a lei permite, o que dificulta o seu trabalho.