ISSN 2359-5191

08/10/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 94 - Educação - Universidade de São Paulo
Número de programas de pós-graduação no Brasil cresce 45%
Meta estabelecida pelo Plano Nacional de Pós-Graduação, que estipula necessidade de formação de 20 mil doutores por ano em 2020, tem chances de ser cumprida

Nos dias 24 e 25 de setembro, ocorreu no Auditório da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo o primeiro Simpósio da Pós-Graduação da Universidade de São Paulo. O evento, promovido pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação, reuniu professores e alunos de mestrado e doutorado para discutir a pós-graduação na Universidade e sua relação com a sociedade.

O primeiro dia de debates foi marcado pela exposição de um panorama da pós-graduação no Brasil, a discussão dos rumos da pós-graduação e os desafios da pós-graduação profissional no país. Temas como a retração econômica nacional, a crise orçamentária da Universidade e os incentivos privados para a pós-graduação foram abordados  na mesa redonda “A Capes e o futuro da pós-graduação no Brasil”,  mediada pela Pró-Reitora de Pós-Graduação, Bernardette Dora Grombossy de Melo Franco,  e com a presença do diretor de Avaliação da Capes, Arlindo Philippi Jr., e o presidente do Fórum de Pró-Reitores de Pós-Graduação e de Pesquisa, Isac  Almeida de Medeiros. 

O professor Arlindo Philippi Jr. analisou a questão do gerenciamento de bolsas, as formas de avaliação das propostas de pesquisa e apresentou dados relacionados à situação dos mestrados e doutorados na Universidade de São Paulo – que sofreu um corte de 7,67% em seu orçamento para pesquisa em pós-graduação – e no país.

Mesmo em um cenário de retração econômica, as estatísticas atuais e a perspectiva para o futuro são positivas. A análise de dados de 2003 a 2013 do Sistema Nacional de Pós-Graduação sinaliza que o número de alunos matriculados aumentou em cerca de 108 mil. Em  2003, foram 35 mil alunos titulados mestres e doutores e, em 2013, 66 mil.

Em uma análise das avaliações trienais de 2007, 2010 e 2013, verifica-se que o número de programas de pós-graduação no Brasil cresceu 45%. O destaque nesta estatística vai para a área de doutorados, que tem aumentado gradualmente na última década. Em 2003, formaram-se  15.500 doutores e, em dezembro de 2014, este número ultrapassou a casa dos 17 mil. De acordo com Arlindo Philippi Jr, é bem provável que a meta de formação de 20 mil doutores em 2020 e 24 mil em 2024, estabelecida pelo Plano Nacional de Pós-Graduação, possa ser cumprida.

O Brasil é o 13º  maior produtor de conhecimento científico, posição alcançada há dois anos. No entanto, ele perde posições no quesito impacto da produção, ocupando 18º lugar. Para o professor Philippi Jr, existe um descompasso expressivo entre esses dados e a posição econômica do país, uma das oito maiores economias do mundo.

Sobre as últimas estatísticas a respeito do cenário da pós-graduação no Brasil, o professor finaliza: "São elementos que mostram a efervescência da comunidade científica, e se tem clara a evidência de que a pesquisa no Brasil tem por base de sustentação a pós-graduação. E seus resultados cada vez mais efetivos dependem da boa pesquisa. Isso tem que chegar na graduação, na cultura e extensão e, seguramente, tem que contribuir para termos mudanças na forma como a educação básica deste país é desenvolvida."

A necessidade de redução das assimetrias regionais em relação aos cursos de pós-graduação no país também foi reforçada. Os números  que sinalizam o crescimento da quantidade de cursos por região são positivos: as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentaram um aumento maior  do que 60% no número de cursos de pós-graduação. A região Sudeste – a maior e mais consolidada – também continua em ascensão, com um aumento de 32%. A assimetria, no entanto, está longe de ser erradicada. De acordo com Isac Almeida de Medeiros, quase 25% das mesorregiões brasileiras tem até um doutor e 45% ainda não têm programas de pós-graduação.

No segundo dia, os pró-reitores fizeram uma revisão de como as quatro pró-reitorias estão atuando e relacionando a pós-graduação com as demais atividades da USP, a universidade que tem maior número de programas de pós-graduação no mundo.

 Na mesa "Facilitar a Gestão e a Informação para Estimular a Pesquisa na USP", José Eduardo Krieger, professor e Pró-Reitor de Pesquisa, reforçou a importância da pós-graduação na produção do conhecimento científico e a necessidade de investimentos na interdisciplinaridade. Krieger indicou como  necessária e desafiadora a mudança na infraestrutura da pesquisa, com trabalhos voltados à interdisciplinaridade, à cooperação para tratar de problemas complexos  e à produção conjunta de conhecimento, o que, de acordo com ele, "não é um processo espontâneo, e, portanto, requer indução e organização”.

 O evento foi encerrado com a quarta edição do Prêmio Tese Destaque USP, que premiou teses das nove áreas do conhecimento dos anos de 2013 e 2014. Na área de Ciências Sociais Aplicadas,  Luciana Nicolau Ferrara, doutoranda da FAU, foi premiada pela tese “Urbanização da natureza: da autoprovisão de infraestruturas aos projetos de recuperação ambiental nos mananciais do sul da metrópole paulistana”, sob a orientação da professora Maria Lúcia Refinetti R. Martins.

 

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