O custo operacional no porto de Santos estava na faixa US 150 por container há cerca de dois anos. Isso mudou com a implantação de um projeto de gestão do pátio de cargas. A automação do controle interno do porto faz com que processos, que antes dependiam de despaches em papel, sejam feitos de forma automatizada e instantânea.
Isso significa que, com o uso da tecnologia, os processos internos do porto passaram a ser geridos por um sistema que faz otimização do fluxo do contêiner dentro do pátio. A complexidade do sistema faz o cálculo inclusive do posicionamento que facilita e torna rápido o escoamento da mercadoria.
Sistema concebido na USP gera automatização georreferenciada da gestão no porto de Santos - Foto: EBC
Quando o fluxo é linear, a automatização da gestão é mais simples; adicionar a dimensão espacial é que gerou uma série de desafios em termos de concepção do sistema. “É necessário saber onde ele [o contêiner] está”, diz Eduardo Dias, professor da Escola Politécnica, “para então colocá-lo em uma posição tal que, quando um navio vir buscá-lo, você execute o mínimo de trocas de posição possível”. De acordo com o professor, o custo Brasil, que é o custo adicional por questões de ineficácia e ineficiência quando comparados ao resto do mundo, é diretamente impactado com a implantação desse processo.
O projeto tem possibilidade de desdobramentos para outros contextos. “Pátio de contêiners é uma coisa, mas pode ter pátio de grãos ou qualquer outra coisa. O que criamos foi uma metodologia de otimização de fluxo de mercadorias”, complementa Dias. De acordo com ele, o projeto tem potencial de impacto até no fluxo de descida dos caminhões ao porto, via pré-agendamento. Os picos de descida atuais estão na faixa de 18 mil por dia, uma vez que ocorrem de forma aleatória.
Com a implementação de outras fases de automatização, o projeto poderia reduzir o custo de forma mais expressiva, com a integração de órgãos governamentais. Hoje em dia são mais de 20 órgãos governamentais intervindo no porto. O operador das mercadorias precisa apresentar a mesma documentação em várias entidades. Então, em uma próxima etapa, a chamada “Janela Única”, feita em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comércio (MDIC) proporcionaria um portal de disponibilização de documentos para os diversos órgãos governamentais envolvidos no processo. Através dele, o operador terá uma lista de toda a documentação necessária para fazer o trânsito do produto no porto. Assim, por exemplo, em vez de tirar xerox de um documento e enviá-lo para diversas repartições governamentais, o operador disponibilizará em um portal unificado com autenticação eletrônica.
“Nossa filosofia é criar uma indústria nacional de software, que enxergo como uma vocação brasileira" pontua Dias. O professor identifica a burocracia excessiva e redundante como fonte de oportunidades para empreender, já que as oportunidades únicas aqui existentes podem ser escaladas a qualquer outra região do mundo. "Temos vantagens comparativas únicas nessa área" finaliza, já que considera a população brasileira inventiva e criativa.