ISSN 2359-5191

13/04/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 03 - Economia e Política - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Internacionalista é valorizado, mas encontra pouca qualidade em cursos de pós-graduação no Brasil

São Paulo (AUN - USP) - A demanda por especialistas em relações internacionais – ou internacionalistas - pelo mercado empresarial brasileiro é grande, mas o país ainda tem dificuldade em qualificar bem os seus profissionais. Ricardo Sennes, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), conversou recentemente com alunos de diversos cursos e instituições na Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) sobre o assunto. Ele também ressaltou a importância da formação acadêmica do profissional graduado em relações internacionais e a sua relevância para o setor empresarial.

Para Sennes, o profissional brasileiro recém-formado em relações internacionais e que busca enriquecer seu currículo com uma pós-graduação enfrenta dificuldades. O professor falou do caráter recente dos estudos dessa área por aqui, que tem forte demanda por profissionais bem qualificados, mas que não oferece opções de mestrado e doutorado que sejam de qualidade similar àqueles encontrados no exterior. "A área precisa ganhar musculatura", disse ele.

Muitos profissionais da área de Direito, Administração de Empresas, Economia e Engenharia acreditam que o internacionalista é um especialista em nada e com pouco conhecimento desses campos de estudo. Mas Ricardo Sennes defende justamente a formação plural desse profissional, aquele capaz de transitar por pelas áreas citadas anteriormente e propor soluções diante de cenários de impasse. Essa amplitude curricular da graduação pontua como diferencial para o internacionalista.

De acordo com Sennes, com tal formação é possível abordar e balancear os diferentes aspectos que influenciam a tomada de decisões no cenário externo, já que dificilmente advogados, administradores e engenheiros concebem uma mesma situação sem pender para a importância da área de sua especialidade. Para ele, o internacionalista deve procurar o equilíbrio e entender a dinâmica do mercado em que atua.

Para reforçar essa idéia, o professor da PUC-SP citou o caso da expansão internacional da empresa Vale do Rio Doce. Na época em que a Vale passou a investir na área de mineração em diferentes lugares do mundo, um dos engenheiros-diretores da empresa apontou em um mapa para uma região rica em minérios, na África, e decidiu que ali deveriam ser feitos grandes investimentos. Entretanto, ele ignorou os aspectos étnicos-culturais da região, fortemente conturbada por conflitos tribais e guerras civis. Os investimentos não foram feitos porque um especialista em assuntos internacionais ponderou tais problemas. "É preciso entender a lógica da geopolítica local", afirmou ele.

O litígio entre a empresa de aviação brasileira Embraer e a canadense Bombardier, um caso que envolveu conflito comercial no âmbito externo entre os anos 2000 e 2001, também é exemplo de como a figura do internacionalista é necessária. Segundo o professor, as empresas atuavam em um ramo dominado por oligopólios, em que dificilmente se recorre a governos para solucionar impasses. Quando as empresas chegaram a um ponto de interesse comum, com acordos internos, elas saíram da mídia e não desgastaram ainda mais as suas imagens.

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