São Paulo (AUN - USP) - Estudo desenvolvido na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (FMVZ) traz como conseqüência a redução do número de animais de laboratório utilizados em pesquisas, a melhora suas condições sanitárias e a diminuição de custos. A linha de pesquisa, coordenada pelo professor José Luiz Bernardino Merusse, concentra-se no controle do ar de ambientes fechados que abrigam animais destinados à pesquisa, em especial roedores.
O controle atmosférico de biotérios, áreas onde vivem animais usados em experiências, é diferente do que é aplicado às áreas destinadas às pessoas. Diferentemente do homem, os animais em confinamento produzem amônia, um gás tóxico que precisa ser totalmente retirado do ambiente, tornando necessária uma constante e completa renovação do ar. Como costuma ser feito hoje, esse é um processo muito dispendioso para os laboratórios, pois se troca o ar do biotério inteiro.
A pesquisa desenvolvida na FMVZ propõe um sistema micro-ambiental, no qual o ar é substituído apenas no interior da gaiola de cada animal. Isso significa, em média, uma redução de 70% do volume de ar a ser renovado, trazendo grande economia nas instalações laboratoriais, como afirma o professor Merusse. A redução das despesas nessa área possibilita aos cientistas investir em outros materiais para otimizar suas pesquisas, além de significar melhor aproveitamento do dinheiro público, já que a maioria dos biotérios pertence a instituições do governo.
Para os animais, o sistema desenvolvido significa maior conforto: eles se reproduzem melhor e são mais saudáveis. E animais em melhores condições sanitárias são melhor aproveitados nos experimentos, obtendo resultados mais precisos. Além disso, o alto padrão desses animais faz com que menos deles sejam necessários para a realização de determinada pesquisa, nos casos em que a utilização destes é imprescindível.
Contudo, segundo o professor Merusse, os equipamentos disponíveis no mercado que foram produzidos a partir dessa tecnologia perderam sua maior característica -o baixo custo. O professor alerta para os produtos à venda que foram encarecidos principalmente devido ao seu aspecto estético e atraem os pesquisadores que não estão familiarizados com os processos físicos presentes nos projetos experimentais. Ele sugere estabelecer um padrão USP de manutenção e produção de roedores, baseado nos resultados obtidos no laboratório, visando à economia, à simplicidade e à robustez do equipamento – uma tecnologia de ponta acessível e competitiva, sem precisar ser visualmente apelativa.