ISSN 2359-5191

23/10/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 100 - Saúde - Escola de Educação Física e Esporte
Exercício previne agravamento de insuficiência cardíaca
Treinamento evita perda de massa muscular, fator decisivo na mortalidade de pacientes que têm a doença
A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Fisiologia Celular e Molecular do Exercício / Arquivo pessoal

A insuficiência cardíaca (IC) é a via final comum das doenças que afetam o coração. Sua ocorrência causa piora da qualidade de vida e pode levar à morte. Porém, em sua tese de mestrado, desenvolvida na Escola de Educação Física e Esporte da USP, Telma Cunha conseguiu mostrar que a prática do exercício previne uma piora do quadro de IC, por evitar a perda de massa muscular.

Para chegar neste resultado, Telma se baseou em outra pesquisa desenvolvida no mesmo laboratório, que analisou o impacto da IC no músculo esquelético. Aline Bacurau, em seu estudo de mestrado com animais, provou, depois de inúmeros testes, que o músculo esquelético sofre mudanças, como a perda de massa muscular ou atrofia,  que prejudicam sua função. Isso acontece porque a IC afeta, além do coração, outros órgãos e tecidos, como os pulmões, os rins e o músculo esquelético, piorando o prognóstico do paciente.

Em seu estudo, Telma quis averiguar se a prática de exercício prevenia a perda de massa muscular em pacientes com IC e, consequentemente, um agravamento da doença. Para isso, ela observou que a perda de massa estava relacionada a um sistema que degradava/eliminava proteínas do organismo. Normalmente, esse sistema marca as proteínas ruins para serem eliminadas pelo corpo. Em pacientes com IC, por conta da agressividade da doença, o paciente emagrece e perde gordura. Com a redução do tecido adiposos, o corpo começa a utilizar o sistema de eliminação de proteínas para quebrá-las em pedaços menores e utilizá-las para gerar energia. O mais prejudicado é o músculo esquelético, maior fonte de proteína do organismo.

O papel da atividade física foi comprovado através do uso de camundongos. “Aos cinco meses de idade, quando os animais se encontravam numa fase moderada da IC, eles foram submetidos ao treinamento físico aeróbico em esteira por dois meses, cinco vezes na semana, uma hora por dia. Antes, foi feito um teste progressivo até a exaustão, para que no treinamento fosse utilizada uma velocidade de 60%, que não causava uma fadiga tão grande fazendo com que eles não pudessem se exercitar. Com o treinamento a atividade do  sistema de degradação foi reduzida, e a massa muscular preservada nos camundongos com IC. Você previne a atrofia porque regula a atividade desse sistema”, explicou Telma.

Dessa forma, podemos extrair desse trabalho que o treinamento físico aeróbico auxilia na manutenção da massa muscular, melhorando a tolerância aos esforços. Após verificar o papel do treinamento na regulação da degradação/eliminação de proteínas no músculo esquelético de camundongos com IC, o próximo passo foi verificar se o treinamento físico aeróbico desencadeava os mesmos resultados em biópsias da coxa de pacientes. Os resultados obtidos apontaram para uma regulação semelhante do sistema de eliminação de proteínas em animais e pacientes com IC, mostrando que o treinamento físico tem um papel importante na regulação de massa do músculo esquelético nessa doença.

“O grande ponto é que se você começa esse treinamento em uma fase anterior, que não seja tão grave, você consegue prevenir toda essa cascata, todos os efeitos, e ter por muito mais tempo uma vida mais saudável. Sempre lembrando que esse treinamento físico precisa estar associado a uma terapia farmacológica, a pessoa precisa estar tomando remédio. Sozinho, o treinamento traz benefícios, mas com os remédios muito mais. Hoje em dia, é antiético não tomar remédio. O treinamento é uma terapia complementar à terapia farmacológica. Além de tratar  o coração, ele consegue trabalhar em áreas que o tratamento ainda não é muito eficiente, como a musculatura esquelética”, finalizou Telma.

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