Produzir e disseminar rastreadores de olhar móveis que funcionem segundo as condições do cotidiano é o principal objetivo do projeto de doutorado de Andrew Kurauchi, do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP. O projeto busca propiciar uma interação mais confortável para os usuários de dispositivos tecnológicos.
Integrante do grupo de pesquisa LaTIn (Laboratório de Tecnologias para Interação), Andrew pesquisa interfaces não usuais, como por exemplo aquelas direcionadas às pessoas com deficiências: “A ideia é desenvolver sistemas utilizando, principalmente, a informação do olhar, e como controlar um ambiente através dele, bem como fazer digitação em um computador.” Mais especificamente, Kurauchi lida com a ideia de um processador montado sobre a cabeça, como por exemplo uma armação de óculos. “Tem-se ali um conjunto de câmeras e usa-se isso para saber o que a pessoa está olhando em um local”.
Esse sistema funciona através de uma calibração. Em um monitor, existe um rastreador de olhar, e a partir dele, o usuário pode digitar ou controlar o mouse: “A gente utiliza isso para interagir com o computador, há alguns sistemas bem simples, mas estamos desenvolvendo outras formas mais eficientes e confortáveis”. Assim como a funcionalidade do swype em celulares, que possibilita ao utilizador uma digitação mais rápida, deseja-se fazer isso com a interface proposta, através do rastreador, para que o usuário não precise olhar durante muito tempo para cada tecla projetada no monitor. “Uma das coisas que faço é isso, tentar melhorar a interação", afirma.
Para garantir o aprimoramento da interface, Andrew faz testes práticos: “A gente implementa as ideias, faz o programa para funcionar do jeito desejado e propõe um experimento”. São chamadas algumas pessoas, que utilizam os sistemas. Assim, a velocidade dos processos é medida, e os usuários dão as suas opiniões, tornando possível uma comparação entre as interfaces ao longo do tempo mais precisa. O trabalho ainda está em andamento, e continua evoluindo, como diz o pesquisador: “Agora, compramos alguns displays, parecidos com o google glass, e estamos trabalhando com eles”. A ideia é conseguir fazer a interação com interruptores, o que oferece certa dificuldade: “A gente sabe como fazer, a grande dificuldade é trazer uma interação boa para o usuário, que ele tenha uma experiência agradável”.
A visão de Kurauchi é de longo prazo: “Como grupo (LaTIn) acreditamos que em dez anos as pessoas vão ter algo parecido com um google glass que interaja com o ambiente”, e é com esse pensamento que o doutorado vem sendo feito, pensando nessas interfaces e as suas possíveis aplicações quando elas se popularizarem: “Parte do meu doutorado é fazer o sistema funcionar, e a outra é pensar em aplicações para esse tipo de dispositivo, tanto para pessoas com deficiência quanto para as que não têm”, afirma Andrew.