ISSN 2359-5191

17/04/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 05 - Meio Ambiente - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Temperatura de São Paulo aumenta 2,1ºC em 70 anos
Análise mostra que maior parte das mudanças derivam de processos locais e não do aquecimento global

São Paulo (AUN - USP) - De 1936 a 2005 a temperatura do ar da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) subiu 2,1ºC, a quantidade de chuvas aumentou, e o ar ficou 7% mais seco. Estes são alguns dos dados encontrados a partir de registros da Estação Meteorológica do Instituto de Astronomia e Geofísica (IAG) da USP.

Num contexto de destaque para o aquecimento global, com mudanças climáticas sensíveis em todo o mundo e a publicação de relatórios alarmantes sobre o tema, como o do IPCC, estes dados já poderiam ser esperados, como um reflexo local do que vem acontecendo ao redor do globo.

Porém, um artigo produzido a partir do estudo dos registros meteorológicos explica as causas das mudanças de maneira um pouco diferente. Segundo os professores do IAG, enquanto os cálculos de aumento da temperatura para o planeta diziam que em São Paulo a temperatura aumentaria 0,5º C de 1961 a 1990, o aumento real, fornecido pela Estação Meteorológica, foi maior do que 1,0º C, no mesmo período. Isto significa que mais da metade do aumento da temperatura na RMSP neste intervalo de tempo se deu em decorrência de processos locais, e não do aquecimento global.

Os fatores que fizeram a temperatura aumentar, e trouxeram outras mudanças como a diminuição da umidade do ar e o aumento das chuvas, já são conhecidos: aumento da área urbana horizontal, o que diminui a área permeável da cidade e impede a absorção do calor; crescimento vertical da região metropolitana, com maior número de prédios altos; e maior poluição do ar. Como conseqüência dessas mudanças temos “dias mais quentes, secos e poluídos no outono e no inverno e, recorrentes enchentes na primavera verão.”, segundo o referido artigo.

O fato de parte do quadro atual dever-se a fatores locais traz a tona as conseqüências do crescimento não-planejado da cidade a médio e longo prazos. Ao mesmo tempo em que esta conclusão assusta, ela é positiva no sentido de que assim como os problemas foram causados por ações dos próprios habitantes da RMSP, as medidas a serem tomadas para mudar o quadro climático também se dão em âmbito local.

Para o professor Augusto José Pereira Filho (IAG-USP) as soluções são investimento no transporte público, planejamento urbano e educação ambiental. Além destas, outras atitudes menos óbvias para solucionar o problema seriam a preocupação social e o apreço à vida. Com piores condições ambientais a vida fica mais difícil principalmente para os mais pobres, que não têm recursos para adquirir aquilo que antes era abundante. Um exemplo usado pelo professor foi o da situação da água. Uma projeção pessimista do quadro climático mundial leva a crer que este recurso será muito mais escasso no futuro. Neste caso, os pobres sofreriam mais as conseqüências.

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