São Paulo (AUN - USP) - No último mês de março, a Equipe Poli de Baja da USP participou da etapa nacional de uma das principais corridas de carros projetados especialmente para andar em estradas de terra. Embora não tenha sido campeão da competição, que este ano ocorreu em Piracicaba, o grupo apresentou resultados satisfatórios, conseguindo superar recordes nacionais em aceleração e velocidade.
João Vitor Sampaio, capitão da equipe, afirma que a performance da Poli melhora a cada ano e, em 2007, foi considerada muito boa, já que vários de seus concorrentes contam com investimentos bem maiores. Sobretudo as universidades particulares disponibilizam melhor infra-estrutura e recursos financeiros mais volumosos. Segundo o líder, isso acontece, porque a propaganda destas instituições de ensino está bastante vinculada a torneios estudantis do gênero.
Os carros desenvolvidos para tais corridas são chamados de baja. Este é um veículo monoposto, ou seja, possui apenas um assento, o do piloto. Com uma massa de aproximadamente 150 quilos, deve ser forte e resistente para conseguir ultrapassar obstáculos em terrenos bastante acidentados.
A competição nacional, Baja SAE (Society of Automotive Engineers), avalia projetos desenvolvidos por alunos de Engenharia de todo o país. Para Piracicaba, a Poli levou dois carros. Um deles, o Poli Kamikaze, além dos recordes alcançados, foi o melhor na prova da rampa. Neste desafio, os veículos devem subir uma rampa cuja inclinação é de 45 graus. Com as pontuações obtidas com o outro baja, o Poli Torpedo, o grupo chegou ao quinto lugar na classificação do evento, que reúne 70 equipes de 59 faculdades.
A palavra “baja” é uma referência às primeiras corridas da categoria, realizadas no deserto de Baja, nos Estados Unidos. No início, usava-se a expressão “mini baja”. Segundo João Vitor, o nome foi alterado, pois “os patrocinadores pensavam que era uma coisa pequena, um carrinho de controle remoto”, no qual não era conveniente investir. Hoje, o financiamento conseguido pelos alunos da USP é proveniente de parcerias com empresas que, ao contrário de oferecerem dinheiro em espécie, fornecem materiais e serviços.
A equipe é formada por alunos e alunas de diversas áreas da Engenharia. Eles mesmos desenvolvem todo o projeto, como a suspensão e a chamada gaiola, a estrutura do carro. A única exceção é o motor, padronizado de acordo com o regulamento da competição. Para se ter uma idéia, em termos de aceleração, o desempenho dos bajas da Poli podem ser comparados ao de um automóvel 2.0 que circula pelas ruas.
Como dificuldade enfrentada internamente, João Vitor aponta a inflexibilidade de alguns professores, quando membros da equipe precisam se ausentar em épocas de competição, fato que desestimula o ingresso de novos integrantes no projeto. O estudante ressalta a importância da iniciativa, não apenas como forma de desenvolver procedimentos técnicos, mas também de contato com trabalho em grupo. Ele afirma que o mercado busca profissionais que tenham passado por experiências como esta. Atualmente, muitos dos ex-membros da Equipe Baja da Poli estão empregados em grandes empresas do ramo automobilístico. “O que eu aprendo aqui é algo que não vou aprender em sala de aula. E, ao entrar no mercado, por conhecimento prático, o tempo de adaptação é menor”, comenta.