ISSN 2359-5191

17/04/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 05 - Educação - Instituto de Ciências Biomédicas
Estudo revela probabilidade de acertar o gol na hora do pênalti

São Paulo (AUN - USP) - É melhor mudar o lado do chute na hora de cobrar um pênalti? A equipe comandada pelo professor Ronald Ranvaud, do Laboratório de Fisiologia do Comportamento, diz que não. Os pesquisadores do laboratório proferiram, recentemente, uma série de palestras sobre o pênalti e suas questões fisiológicas durante o II Simpósio Temático do Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), da USP.

A equipe simulou em laboratório uma situação de pênalti. Eram apresentados três pontos em um computador, que significavam o cobrador, a bola e o goleiro. Este podia se deslocar para direita ou esquerda e o voluntário deveria deslocar uma alavanca para o lado oposto ao do goleiro, unicamente, quando o ponto do jogador coincidisse com o ponto da bola.

Com esse trabalho os pesquisadores determinaram o “ponto de não retorno”, que é o momento, antes de chegar à bola, impossível de mudar a ação e reagir ao movimento do goleiro. O ponto de não retorno para a lateralidade (escolher em qual canto chutar) foi de 240 milessegundos (ms).

Este ponto de não retorno equivale aos três últimos passos. Esses passos são, respectivamente, quando o pé de apoio está atrás do pé de chute; o pé de apoio a frente do pé de chute; o pé de apoio toca o chão e, por fim, quando ocorre o chute.

Os dados apontam que, se o goleiro pular 51 milissegundos antes de jogador chutar, a chance de acertar o gol é de 50%. Mas se o pulo ocorrer 459 ms antes a chance é de 100%.

As pesquisas mostraram também que se o jogador mudar o lado da cobrança durante a corrida até a bola ele erra mais. Este trabalho guarda relações com os estudos britânicos, um pouco mais antigos, que revelam o chamado quiet eye dos jogadores mais experientes. Bons jogadores colocam o olhar em um único lugar da bola, enquanto que os novatos não conseguem fixar um ponto e erram a direção da bola.

Grande parte dos cobradores, cerca de 78%, esperam a movimentação do goleiro para escolher o lado, mas a medida que o goleiro se movimenta o tempo de escolha também diminui.

O professor Ranvaud reconhece que “as situações de laboratório não reproduzem com exatidão o que acontece no campo”. Mas, em um dos estudos, foi feito a simulação do estresse causado pela torcida. Os voluntários do experimento ficaram em uma sala repleta de pessoas gritando e assobiando. “O simples fato de pensar na possibilidade de fracasso na presença da torcida, poderia estar contribuindo para uma piora do desempenho”, diz Nelson Miyamoto, companheiro de trabalho de Ranvaud.

As análises mostraram que houve um aumento do cortisol salivar, hormônio secretado em maior quantidade em uma situação de estresse. Na situação de estresse o voluntário demorou mais para acertar a coincidência entre jogador e bola e não conseguiu chegar aos 100% de acerto no gol, estacionando em 75% de acertos do chute. “Na situação de estress, por mais que você tenha todo o tempo do mundo, você ainda erra”, conclui Miyamoto.

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