A pesquisadora Cynthia Der Torossian Torres Neves, em sua tese de mestrado, observou os efeitos da influência do pH da água nas alterações ósseas. Ela realizou o experimento em ratos Wistar (Ratus Norvegicus albinus) divididos em diferentes grupos. Em três grupos foi administrado diariamente soluções concentradas de cloreto da cádmio (CdCl2) com um pH diferente: neutro (7), básico (8) e ácido (5) e em outros três apenas água básica, ácida e neutra.
O cádmio é um metal pesado que afeta minerais do organismo, dentre eles o cálcio. Dessa forma, o osso é o principal órgão afetado, tornando-os frágeis e osteoporóticos. Os rins, testículos, olfato e algumas células sanguíneas também sofrem alterações por conta do metal, pois não há a regulação no metabolismo de sua absorção e excreção. Durante a pesquisa cinco ratos morreram por intoxicação do cádmio.
Após seis meses de experimento foi possível observar que o cádmio causou a diminuição da densidade óssea do fêmur esquerdo em todos com grupos onde foi administrado, independente do pH. Em meio ácido a diminuição foi bem mais expressiva. Para o grupo que recebeu somente água com variação de pH sem a presença do cádmio, pode-se observar através do densitômetro de dupla emissão aos raios-x (Dexa), uma redução da densidade óssea para o pH 5. Através do dexa, verificou-se não só a diminuição da densidade mineral óssea para o grupo administrado com cádmio, mas também a redução do conteúdo mineral ósseo (CMO), além do aumento da rigidez biomecânica. Na tomografia computadorizada espiral, através da escala Hounsfield (HU), que mensura a radiodensidade, pode-se observar uma redução da densidade óssea para o grupo com cádmio independente do pH.
O cádmio está presente em muitos produtos, inclusive consumíveis, como mariscos, ostras, peixes de água salgada, alguns tipos de chá e águas minerais contaminadas. Ele também pode ser encontrado na fumaça do cigarro, soldas, pigmentos de tintas, baterias de celulares e em pilhas recarregáveis, além de ser abundante em mineradoras. No caso do desastre recente em Mariana, a lama está contaminada com muitos metais pesados, incluindo cádmio, que contaminaram as fontes de água de região, sendo de extremo perigo, já que a toxidade do cádmio é similar a do mercúrio.
No entanto, ainda não existem estudos que comprovem se o cádmio é absorvido pelo dente ou não. É provada sua absorção pelo órgão apenas em sua formação. Futuramente este estudo pode ser feito com observação da mandíbula.