ISSN 2359-5191

14/12/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 129 - Saúde - Faculdade de Odontologia
Equipes de UBSs demonstram falha no ensino e supervisão de higiene bucal
Pesquisa feita com equipes de Platina (SP) demonstra falta de conhecimento e de instrumentos de ensino
virebixovestibulares

O pesquisador Marco Antonio Kulik, da Faculdade de Odontologia da USP, desenvolveu uma pesquisa de modo a identificar como as equipe de Estratégia Saúde da Família (eSF), presentes em Unidades Básicas de Saúdes (UBS),  praticam os cuidados acerca da saúde bucal e quais os seus conhecimentos sobre Odontologia.

Ele aplicou um questionário aos quatro cirurgiões dentistas e dois auxiliares de saúde bucal da eSF do município de Platina, no interior de São Paulo. As perguntas levavam em conta as observações, avaliações e sugestões sobre as experiências destes funcionários, além de sua escolaridade e conduta perante algum problema odontológico. “Os resultados alcançados com este trabalho foram muito importantes por apresentarem de uma forma inédita uma visão do comportamento dos integrantes destas equipes quanto aos conteúdos e prática de Saúde Bucal”, diz Kulik.

Verificou-se a falta de materiais educativos para as famílias atendidas, além da falha no conhecimento acerca de procedimentos de prevenção, manutenção e promoção da saúde bucal. Estes dados são preocupantes, visto que existem apenas estes profissionais de saúde bucal na cidade, sem cirurgiões dentistas particulares ou outras unidades públicas. Em caso de emergências,  como endodontias (lesões no nervo do dente), traumas ou fraturas, os pacientes são encaminhados para as cidades próximas.

A formação desta equipe é falha, já que não passa por nenhuma capacitação realizada pelos gestores. O único treinamento é dado por uma empresa de produtos odontológicos, sem espaço para troca de conhecimentos ou esclarecimentos de dúvidas cotidianas, aponta Kulik.

Ele afirma que isto pode ser melhorado através da educação continuada, prevista na lei No 2.488, na qual os profissionais se mantém capacitados através de cursos, palestras, materiais educacionais. “Há necessidade de criação de materiais educacionais em Teleodontologia (aulas à distância) que sejam adequados às necessidades de informação dos trabalhadores”, afirma o pesquisador.

A Estratégia Saúde da Família foi implementada em 2003 e, apesar de ter aumentado sua área de atuação, ainda não cobre todo o território nacional. Entretanto, os profissionais de odontologia foram incorporados ao programa somente em 2006, o que trouxe novas necessidades de conhecimento e prática para estas equipes.

Dentre suas atribuições estão atendimentos clínicos, ações de promoção, proteção e recuperação da saúde e prevenção de agravos, avaliações clínicas  e identificação das necessidades de intervenções, de modo a proporcionar um cuidado humanizado e continuo de forma interdisciplinar, entre médicos, dentistas, enfermeiros e assistentes sociais.

“Atualmente as eSF estão presentes em 62,5% de todo o território nacional”, aponta Kulik. Todavia, segundo dados do governo federal de 2010, a cobertura proporcional a população é de apenas 12% no estado de São Paulo e de 36% no Brasil.

Por ter sido feita em um único município, a pesquisa pode ser considerada apenas como uma análise de caso, sem maior representatividade. “Há necessidade de outras pesquisas, seguindo a mesma linha, para que se possa extrapolar os resultados para todo o interior de São Paulo e Brasil.”


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