O crescimento desproporcional da população na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) acarretou em uma crise no modelo de mobilidade. A fim de entender como se dá o processo de distribuição urbana de carga e identificar os problemas que mais interferem no setor, a pesquisadora Carla Deguirmendjian Rosa Carvalho, da Escola Politécnica, realizou um estudo que contribuiu com uma sólida base teórica para ações de melhora do fluxo logístico e maior eficiência das empresas envolvidas.
“A ideia surgiu da necessidade de entender como se dá a colaboração entre os agentes responsáveis pela distribuição de carga na região metropolitana de São Paulo”, conta o professor José Geraldo Vidal Vieira, orientador de Carla. Essa colaboração ocorre entre indústrias e grandes varejistas com posse sobre a mercadoria - responsáveis por embarcar a carga -, transportadores e operadores logísticos - empresas que fazem o transporte - e empresas varejistas. A pesquisa foi conduzida através da aplicação de questionários com os principais agentes atuantes na distribuição de mercadorias em São Paulo, e dois estudos de caso com operadores logísticos.
Urbanização e transporte
A falta de colaboração entre os agentes responsáveis pela distribuição de carga não é o único entrave para a mobilidade e distribuição de produtos. As políticas de curto prazo implementadas nas últimas décadas, com restrição de circulação por tamanho do veículo e locais específicos para estacionamento, carga e descarga, ocasionaram filas maiores e um aumento significativo do congestionamento. A política “just in time” acelerou a frequência de reposição de estoques, estimulou o consumo sazonal, e acarretou em impactos negativos sobre preço das mercadorias.
O comportamento volúvel do consumidor também interfere na mobilidade urbana. A crescente expansão das compras pela internet, com ampla variedade de produtos à disposição, aumenta o número total de viagens e os custos logísticos.
Mapa das restrições de circulação de veículos de carga. Fonte: CET-SP 2013.
José Geraldo destaca que a colaboração é essencial para que as empresas possam desenvolver ações conjuntas e diminuir a assimetria de informação nesse canal de distribuição: “mesmo que cada uma das empresa seja responsável por uma parte desse processo, a gestão coordenada entre elas é primordial”. O papel do operador logístico, como intermediário entre a indústria e os varejistas, torna-se então fundamental para a resolução de problemas relacionados à comunicação entre os agentes.
Além de conscientizar sobre a necessidade de investimento do poder público no sistema de transporte de carga e de passageiros, as questões levantadas pela pesquisa podem ajudar as empresas a desenvolverem os seus indicadores logísticos. Essa identificação também contribui estimulando o melhor relacionamento entre as empresas e encaminha a adoção de medidas conjuntas para lidar com os desafios da região metropolitana.