São Paulo (AUN - USP) - A hipersensibilidade dentária é um problema recorrente em pacientes que sempre reclamam de muita dor. Para melhorar a eficácia do tratamento da doença, a dentista Ana Cecília Correa Aranha, da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, resolveu observar se a boa escovação e alimentação influenciam na longevidade e no conforto do paciente durante o tratamento com laser, equipamento utilizado como nova opção para casos de hipersensibilidade dentária.
Para tal, Ana Cecília desenvolveu, no ano passado, a pesquisa de “Avaliação dos efeitos do laser Nd YAG no tratamento da hipersensibilidade dentária”. O laser utilizado, Nd YAG, é de alta intensidade, com fibra óptica de fácil acesso em sucos dentais. O estudo é financiado pela Fapesp e é realizado no Laboratório Especial de Laser em Odontologia (Lelo) da Faculdade de Odontologia.
A doença em questão é, em geral, resultado de uma perda no esmalte dos dentes ou de retrações na gengiva. Segundo Ana Cecília, somente na clínica da Lelo, cerca de 50 pacientes por dia apresentam o problema. Uma das grandes conseqüências da hipersensibilidade dentária é a superexposição dos dentes e o desenvolvimento de uma maior sensibilidade a substâncias como açúcar, ar frio e água gelada, por exemplo. A hipersensibilidade provoca muita dor nos pacientes e requer um tratamento delicado e bem acompanhado. Ana Cecília se empenhou em fazer o uso de lasers o mais adequado possível para o paciente ao avaliar a influência de uma boa escovação e alimentação no tratamento.
Cerca de 50 dentes do banco dentário da Faculdade de Odontologia foram utilizados na pesquisa. Cada dente foi tratado em meio a bloquinhos de dentina com um agente dessensibilizante, ou com o laser escolhido para a pesquisa, o Nd YAG, que promove a organização de dendritos e é apontado como o principal motivo da diminuição da dor nesse tipo de tratamento. Algumas amostras foram submetidas a uma “escovação simulada”, uma série de ciclos químicos que simulam a condição bucal durante o tratamento. Esse procedimento foi feito uma vez ao dia durante um minuto. Outras foram imersas em Coca Cola (pH2.9) durante um minuto, também uma vez ao dia. As amostras dentárias utilizadas foram observadas em Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) imediatamente após o tratamento e num período de uma a quatro semanas posterior à simulação.
O estudo verificou que as amostras, após o período de observação, sofreram eliminação dos traços de irradiação a laser e do agente dessensibilizante, apontando que a alimentação e escovação influenciam na eficiência do tratamento. O trabalho foi apresentado na 14° Reunião de Pesquisa Interna da Faculdade de Odontologia da USP, realizada em outubro de 2006, e aguarda publicação. “A pesquisa procurou dar mais longevidade aos tratamentos com laser para hipersensibilidade dentária e ajuda a melhorar a eficiência de um tratamento tão requisitado, já que o problema é muito freqüente entre os pacientes”, acrescentou Ana Cecília. A escovação e a alimentação adequada beneficiam na durabilidade nos tratamentos de hipersensibilidade dentária.