ISSN 2359-5191

23/04/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 08 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
ICB também tem mosquito modificado contra malária

São Paulo (AUN - USP) - A pesquisa em um dos laboratórios do ICB (Instituto de Ciências Biomédicas), da USP, não é em torno dos famosos vegetais transgênicos, mas o foco está nos mosquitos transgênicos. Os trabalhos são coordenados pela professora Margareth Capurro, que já criou um mosquito incapaz de transmitir malária de galinha, causada pelo plasmodium gallinaceum, e busca o mesmo resultado para a malária humana e para a dengue.

Há várias formas de controlar os mosquitos transmissores (vetores), como a forma mecânica, que é a retirada de locais de criação, a química, tratamento com inseticidas, a biológica e a genética. Esta última, segundo a professora, divide-se basicamente em três áreas, que são, respectivamente, a esterilidade dos machos reprodutores por meio de radiação, a transgênese, que torna o antibiótico necessário para o desenvolvimento do mosquito, e, a última, que visa ao desenvolvimento de gens que afetem o parasita ou vírus. "A idéia é você usar esse mosquito não para diminuir a população dele, mas sim para ele expressar gens que matem ou eliminem a doença que ele transmite", afirma Margareth. A intenção é fazer que a camada protéica do parasita seja reconhecida pelo mosquito, injetando o gen necessário no ovo do vetor.

"Existem anticorpos que reconhecem as partículas protéicas do parasita que são estranhas ao mosquito (antígenos), se o vetor expressar estes anticorpos eles vão até a superfície do plasmodium e se ligam a ele. Isso deixa o parasita grande, impossibilitando a sua entrada na glândula salivar", explica a pesquisadora. É pela glândula salivar, através da picada do mosquito, que o parasita chega até o homem.

A manipulação genética tem que ser variada, com a inserção de diferentes moléculas no DNA do mosquito, pois, segundo Margareth, "o parasita é muito esperto e só uma quantidade de moléculas associadas garante que todos os parasitas sejam bloqueados". Um dos outros gens é aquele que faz o reconhecimento de receptor no próprio inseto, fazendo com que a proteína feche a porta da glândula salivar para o parasita. Há ainda uma outra interação que promove a quebra da célula do plasmodium.

Pesquisa americana é semelhante

Foi publicado no último dia 19, na revista Proceedings of the National Academy of Science (PNAS), o estudo chefiado pelo brasileiro Marcello Jacobs-Lorena, da Johns Hopkins University, que revela um mosquito transgênico que não transmite a malária dos ratos. Uma das diferenças, em relação ao estudo da professora Margareth, é que o bloqueio do parasita ocorre na altura do trato digestivo, logo após a sua entrada no inseto.

Nos estudos americanos foram utilizados ratos, diferentemente da pesquisa brasileira que utiliza galinhas. "O Brasil não pode trabalhar com camundongos porque a malária destes animais é indiana e do tipo urbana, representando risco quando se trabalha em uma cidade como São Paulo", diz Margareth, que também reconhece que o modelo malária da galinha está mais longe da malária humana.

"Nós estamos de igual para igual com a pesquisa americana, a diferença é que lá funciona mais rápido a compra de materiais", afirma a professora. Outra dificuldade, segundo ela, é ter em laboratório uma colônia do mosquito anopheles brasileiro, trasmissor da malária, pois seu tempo de vida não é muito grande. Mesmo assim, a previsão de Margareth é que dentro de quatro anos será possível ter resultados para a malária humana.

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