Estudo analisa diferenças entre métodos de diagnóstico de doenças respiratórias usado em cobaias de laboratório. A pesquisa feita por Vitor Mori na Escola Politécnica analisou o modelo de técnica convencional usado nesses casos, presente no mercado comercial, em comparação à técnica alternativa chamada de Wavetube. A proposta foi definir que existem diferenças nas medidas resultantes de cada um deles, e alertar outros pesquisadores de que o uso de um ou de outro deve ser feito com cuidado, sem pretensões de repetir resultados quando o equipamento é diferente.
Para analisar a mecânica respiratória e conseguir diagnosticar doenças respiratórias da maneira menos intrusiva possível, é feita a medida da impedância respiratória. Calculada a partir do sinal de fluxo e pressão do ar na entrada do sistema respiratório do animal, ela pode mostrar a dificuldade da passagem do ar dentro do organismo, permitindo que se afirme se a cobaia possui asma, bronquite, entre outras doenças. Para medir com precisão essa variável, é preciso jogar um sinal de ar dentro do sistema respiratório do animal e, considerando que existe uma condição homogênea e linear de funcionamento dele, é possível fazer uma análise espectral de cada frequência de onda de ar. Ou seja, separam-se os espectros de onda de uma frequência, e a partir dos resultados obtem-se o cálculo para a impedância.
A técnica é bastante utilizada em laboratórios de teste de fármacos para poder observar as reações que um medicamento pode ter no organismo. Para fazer a análise, a cobaia é anestesiada com um paralisante muscular para não haver movimentação do pulmão. Então sua garganta é aberta e uma agulha colocada na traqueia, sendo travada para não ocorrer vazamento de ar. Um ventilador externo simula a respiração e nos intervalos um sinal perturbatório é enviado para colher as informações da análise espectral.
Mori comparou os dois equipamentos existentes que conseguem fazer essa análise, pretendendo verificar se podiam oferecer o mesmo resultado. Ele acreditava que, pelo fato do modelo convencional utilizar-se de grandes quantidades de ar em relação ao alternativo, chamado de Wavetube, para medir o fluxo dentro do sistema respiratório, poderia haver alterações no comportamento homogêneo e linear do sistema respiratório do animal e, consequentemente, existir diferenças entre as avaliações feitas por cada um dos métodos.
Utilizando-se de oito camundongos saudáveis, Mori realizou experimentos com os dois tipos de equipamento. Ele verificou que a média de resultados dados para cada parâmetro eram diferentes entre equipamentos, mesmo tendo medido a mesma cobaia: “Foi o primeiro indicativo: os equipamentos acabam medindo coisas diferentes.” Depois ele também realizou testes de precisão e de sensibilidade ponderada em cada uma das máquinas, e tirou a conclusão que os dois equipamento apresentam diferenças nas condições de experimento que oferecem. “Quando usamos dois equipamentos diferentes e comparamos, estamos basicamente comparando condições distintas. Se você tentar repetir um experimento no Wavetube e depois no tradicional, você não terá os mesmos resultados.”
Mori afirma, porém, que sua intenção não é estabelecer se um dele é melhor que o outro: “A questão não é dizer que um é melhor ou pior, é dizer que, em condições específicas, alguns não podem ser aplicados. Alertar que existe sim uma diferença e que não são equipamentos comparáveis.” Para cada situação é melhor utilizar um ou outro, dependendo se, para o experimento, é prejudicial ter muito ar sendo jogado no organismo da cobaia, ou se é necessário que assim seja feito para poder obter algum tipo de resposta conclusiva.