ISSN 2359-5191

24/04/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 09 - Educação - Instituto de Matemática e Estatística
Aplicação prática é desvalorizada no campo da Estatística
Centro de Estatística Aplicada encontra empecilhos acadêmicos para desenvolvimento

São Paulo (AUN - USP) - Estatística é uma ciência em que se desenvolvem técnicas para planejamento de pesquisas, coleta, armazenamento e manutenção de dados e análises descritivas e inferenciais baseadas nesses dados. É difícil enxergar uma aplicação mais próxima ao cotidiano e menos fechada a si mesma num campo de conhecimento tão citado e usado, mas ao qual, de fato, se dá pouca atenção. O Centro de Estatística Aplicada (CEA) do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP visa usar o conhecimento teórico para o desenvolvimento do conhecimento prático, aplicado a diversas áreas da ciência, de modo a também contribuir para o desenvolvimento metodológico da estatística.

Criado entre os anos de 1974 e 1975, de acordo com o vice-diretor científico do Centro, Julio Singer, o CEA surgiu primeiramente para suprir as demandas de assistência estatística de professores e pesquisadores da universidade e, no decorrer dos anos, adquiriu um caráter complementador da formação mais aplicada dos alunos do curso de Estatística. Porém, a pesquisa aplicada em Estatística não é privilegiada dentro da área. Há preferência por financiamento de projetos de pesquisa pura (aqueles que costumam figurar em publicações especializadas) e o compartilhamento de saberes entre áreas distintas e a Estatística é deixado de lado.

Para ter uma idéia de como os trabalhos do CEA são desvalorizados pela comunidade acadêmica de Estatística, apenas dois professores têm suas atividades no Centro contabilizadas como carga didática no semestre; os outros dez a 15 docentes que realizam atividades semestralmente trabalham de modo voluntário. “Os artigos produzidos em colaboração com os clientes e publicados em periódicos de outras áreas não são computados nem em concursos para promoção na carreira, nem em pedidos de bolsa de pesquisa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), por exemplo. Aparentemente, ao trabalho que realizamos, também não é dada a devida importância por outros órgãos da administração universitária, pois tivemos pedidos de bolsa-trabalho negados no passado”, afirma Singer.

O benefício do Centro para a formação de alunos e professores do curso, no entanto, é evidente. “Apesar de tudo, muitos dos mestres e doutores formados em nosso departamento têm o tema de suas dissertações e teses oriundos de problemas trazidos ao CEA para análise estatística”, reitera Julio Singer. Ele mesmo explica como o trabalho no Centro ajudou na sua didática. Em vez de usar exemplos de “livros norte-americanos com problemas envolvendo democratas e republicanos ou home runs de beisebol”, o professor ilustra o conteúdo teórico com propriedade e vivência de análises feitas através das atividades do CEA.

Entre os trabalhos em conjunto com outras unidades da USP - o principal e praticamente único nicho em que o CEA atua, devido a suas limitações orçamentárias - , destaca-se o projeto para avaliação da associação entre concentrações de poluentes atmosféricos e mortalidade, com a colaboração de Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina, além de existência de projetos com a Faculdade de Odontologia, o Instituto de Geociências e outras unidades. Para mais informações, a página do CEA é http://www.ime.usp.br/~cea/

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