Dores nas costas são frequentes entre a população mundial. A segunda maior queixa de saúde entre os brasileiros são os problemas na coluna. Cerca de 39% das pessoas, em algum momento da vida, sente dor lombar. Duas possíveis formas de tratamento para algumas dores da humanidade são a terapia cognitivo comportamental e exercícios supervisionados. O fisioterapeuta Maurício Magalhães, em recente estudo, compara a efetividade destes dois tratamentos para a dor lombar crônica não-específica.
O termo “não específica” é referente à dor lombar que não tem uma causa determinada. Estima-se que 95% das dores na coluna lombar estão neste grupo que têm como possíveis razões fatores sociais, demográficos, físicos e psicológicos. Características individuais como limitações, postura e prática de empurrar e puxar também estão relacionados. Apenas 1% das dores está associado a doenças consideradas graves – fraturas, câncer, infecções, entre outros. Os outros 4%, com problemas de radiculopatia, como hérnias de disco. “Esta notícia é ótima, pois na grande maioria dos casos a dor não está relacionada com uma doença considerada grave na sua coluna”, afirma Magalhães.
Apesar de não ser um problema sério, os sintomas estão envolvidos com os altos índices de afastamento do trabalho, comprometimento da qualidade de vida e redução do desempenho funcional na população. De acordo com o pesquisador, a dor lombar é um importante problema da saúde pública em nível mundial e atinge, predominantemente, mulheres entre 40 e 80 anos.
Dos tratamentos pesquisados
As duas terapias estudadas por Magalhães possuem características distintas. A terapia cognitivo-comportamental está inserida na categoria de terapias que tem efeito em comportamentos, emoções e sintomas. O foco terapêutico está na neutralização dos pensamentos negativos que a pessoa tem sem perceber. “Pensamentos criam respostas psicológicas que frequentemente incluem adrenalina e cortisol [hormônios relacionados ao estresse]; eles podem representar alterações cognitivas que podem influir diretamente na condição de saúde do indivíduo”.
O objetivo da terapia cognitivo comportamental é identificar esses pensamentos negativos automáticos e traçar uma estratégia para tratá-los – tornando-os benéficos à condição de saúde do paciente. “A abordagem biopsicossocial tem sido utilizada no tratamento de algumas doenças psicossociais, além de ser utilizada no tratamento de pessoas com dor lombar crônica”. O pesquisador também afirma que essa terapia pode ser efetiva na redução da intensidade da dor e melhora da capacidade física e funcional desses indivíduos.
Já a terapia com exercícios supervisionados tem a intervenção direta do fisioterapeuta, de forma orientada e individual. De acordo com Magalhães, os pacientes têm apresentado melhora mais significativa quando comparado a pacientes que realizam exercícios sem supervisão ou em grupo. “É importante que você procure um fisioterapeuta para obter informações mais detalhadas sobre como cuidar melhor das suas costas”, ressalta.
Resultados obtidos
No estudo participaram 66 indivíduos com dor lombar não específica, com idade entre 18 e 65 anos. De forma aleatória, foram separados em dois grupos iguais, um submetido aos exercícios supervisionados, e o outro a terapia cognitivo-comportamental. “Não encontramos diferença entre os tratamentos; ambos são eficazes para reduzir a intensidade da dor e a incapacidade funcional em pacientes com dor lombar”. O pesquisador afirma que a escolha pelo tratamento deve ser feita de acordo com a preferência do paciente e os custos que envolvem a terapia.
Quanto a sugestões, Maurício Magalhães afirma que a melhor recomendação para quem tem dor lombar é se manter ativo. “No geral, os pacientes ficam com medo de se movimentar, mas sabe-se que o repouso absoluto é o que mais causa comprometimento na coluna”. É recomendado o repouso de um ou dois dias após forte dor, mas o paciente deve retomar as atividades assim que possível e, principalmente, praticar exercícios físicos diários. “Correr? Caminhar? Nadar? Jogar tênis? Qual a melhor? O melhor tipo de atividade física é aquela que você mais gosta de praticar. Procure a orientação de um especialista e previna-se da dor nas costas! ”, finaliza.