ISSN 2359-5191

26/04/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 11 - Meio Ambiente - Instituto de Biociências
Seqüestro do carbono: uma possível solução para o efeito estufa
Em sua forma não gasosa, como a celulose, o acúmulo de carbono na atmosfera não contribui o aquecimento global

São Paulo (AUN - USP) - O gás carbono se armazenado no xilema (vaso condutor das plantas) por algum período em forma de celulose ou amido – sua forma não gasosa – não contribui para o efeito estufa. É disso que trata a pesquisa de Marcos Buckeridge, docente do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências da USP.

A partir de experimentos, percebeu-se que plantas de pequeno porte e crescimento acelerado, como o apuruvu, seqüestram uma quantidade de carbono elevada, isto porque elas possuem um alto nível de fotossíntese e incorporam rapidamente o carbono em suas células através de amido e celulose. Já as plantas de grande porte e crescimento lento, como o jatobá, seqüestram uma quantidade reduzida, embora o processo ocorra por cerca de cem anos. Através disso, concluiu que é mais eficiente, para o melhor resultado de seqüestro de carbono, manter o processo de desenvolvimento de plantas natural (com plantas de crescimento curto, intermediário e lento) com sucessão de espécies, além de promover a biodiversidade. “Se eu plantar uma floresta de jatobá, eu vou seqüestrar carbono, mas provavelmente eu vou seqüestrar proporcionalmente menos que se eu desenvolvesse a floresta como um todo” afirma Buckridge. O estudo atualmente relaciona o aumento de carbono na atmosfera e elevação da temperatura.

Para o desenvolvimento do estudo, Buckeridge separou cinco espécies da Mata Atlântica da mesma família (feijão-do-mato, apuruvu, pau-jacaré, jatobá e jacarandá-da-bahia) com o período de crescimento variável para simular assim o desenvolvimento de toda a floresta. O processo de análise consiste em colocar essas espécies em câmeras de campo aberto para crescer, injetar CO2 para simular uma atmosfera de setecentos e vinte ppm (partes por milhão) de CO2 que é o valor estimado para o próximo meio século.

O pesquisador afirma que embora exista expressivo material de pesquisa do comportamento das plantas do hemisfério norte, pouco se estudou sobre as florestas tropicais. Por isso, em 2000 iniciou sua pesquisa em busca das respostas das plantas ao aquecimento global. Observou o processo bioquímico do Jatobá e sua estrutura de desenvolvimento e concluiu que a espécie apresentou reações às transformações climáticas, comparando seus efeitos anteriores e posteriores à Revolução Industrial brasileira no início do século XX.

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