São Paulo (AUN - USP) - A combinação arroz com feijão, comum na mesa dos brasileiros, pode ser associada à diminuição dos riscos de aquisição de câncer oral, segundo estudo coordenado pela nutricionista Dirce Maria Marchioni, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.
A pesquisa procurou a relação entre este tipo de câncer a os hábitos alimentares de 835 moradores da cidade de São Paulo. Dos entrevistados, 366 tinham a doença e 469 eram saudáveis. Os dados, coletados do inquérito de hábitos alimentares para investigação do câncer oral (realizado pela International Agency for Research on Cancer, entre 1998 e 2002), foram interligados com a probabilidade e risco da doença.
Na conclusão do estudo, constatou-se que o aumento do consumo de arroz e feijão está associado a uma tendência relevante de diminuição do risco deste tipo de câncer. Segundo Dirce, “os indivíduos que consumiram mais de 14 porções de feijão por semana apresentaram um risco 60% menor de ter a doença. Para o arroz, esse índice foi de 40%”.
Algumas das causas apontadas pela diferença são os baixos teores de gordura saturada e colesterol nestes alimentos. Além disso, a combinação “arroz com feijão” fornece altos índices de proteína, fibras e açúcares – elementos que estariam envolvidos nesta diminuição da probabilidade.
Outro fator que contribuiu para esta conclusão foi o relato do grupo que apresentava a doença. Em sua maioria, eles revelaram um consumo menor dos alimentos como arroz, feijão, massas, vegetais crus e salada. A influência da dieta no organismo dos indivíduos não é novidade, mas a associação com um tipo de câncer sempre deixa a população alerta. Neste grupo, foi relatada uma maior freqüência de cigarros e bebidas alcoólicas, também.
O trabalho não verificou a associação de carnes vermelhas ou brancas com o câncer oral. Mas o consumo de ovos e batatas teve associação estatística com a continuidade da doença. A pesquisadora frisa que os resultados são apenas hipóteses levantadas, perante um estudo com um pequeno grupo.
Atualmente, no Brasil, o câncer oral corresponde a 3% dos tumores malignos diagnosticados no país.