São Paulo (AUN - USP) - Na preparação de jovens com potencial para serem atletas de alto rendimento, o papel do treinador é até mais importante do que o do pai e da mãe. Essa é uma das constatações de um grupo de estudos da Escola de Esporte da USP, que pesquisa o processo de formação de esportistas do Projeto Futuro, um programa do Governo Estadual.
O Projeto Futuro, que existe há cerca de 20 anos e tem sua sede no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, abriga adolescentes de todo o Brasil que têm capacidade para integraram futuras seleções brasileiras em Olimpíadas e Jogos Pan-Americanos. As pesquisas da USP, particularmente, avaliam o trabalho desenvolvido com promissores saltadores (atletas de salto em distância e salto em altura) profissionais.
Para chegar ao resultado, os pesquisadores do grupo aplicaram uma série de questionários nos atletas de salto do Projeto Futuro. Segundo Maria Tereza de Silveira Böhme, chefe do Departamento de Esporte da faculdade e coordenadora da pesquisa, o fato de esses atletas terem saído de suas cidades e vindo para São Paulo, na maioria das vezes sem suas famílias, contribui para esse resultado. “A tendência é que o técnico seja mais valorizado mesmo, já que os jovens já estão fora de casa”, declarou a professora. Ela ainda ressalta que a conclusão contraria o que está em voga na literatura específica e que afirma a necessidade primordial do apoio materno e paterno.
Ainda de acordo com Maria Tereza, o fato de haver no meio acadêmico poucas pesquisas sobre a evolução de atletas de alto nível motivou o grupo de estudos, que começou em 2004. “A gente quer entender um pouco mais o que acontece com esses atletas. Quais os fenômenos que ocorrem da passagem do adolescente com potencial ao adulto profissional de alto nível”, declarou a professora.
Os pesquisadores que participam do grupo de estudos fazem avaliações semestrais dos treinamentos com os jovens. Eles baseiam-se em testes de força de membros inferiores e superiores, de força abdominal, explosiva, de flexibilidade e velocidade. Há ainda um acompanhamento psicossocial do processo de formações desses esportistas.
As pesquisas com o Projeto Futuro ainda não chegaram a resultados definitivos e não há previsão para a conclusão de todos os estudos, mas as avaliações parciais já servem para o enriquecimento do trabalho desenvolvido pelos próprios treinadores das modalidades de salto do programa estadual. “Nós damos um retorno para os técnicos, do que já conseguimos captar, mas até o momento nota-se que são profissionais com uma sabedoria bastante ampla, e que não cometem erros na preparação dos adolescentes. Há, por exemplo, poucas lesões entre os atletas”, completou Maria Tereza.