São Paulo (AUN - USP) - Cânceres no pescoço, na cabeça e na boca causam, muitas vezes, lesões em membros como conseqüência de cirurgias nos tratamentos. Por isso, essas doenças exigem estudo apurado, treinamento, conscientização dos profissionais e acompanhamento dos pacientes. Com o objetivo de cumprir essas funções, o Grupo de Pesquisa e Reabilitação Maxilo–Facial, organizado por membros da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, ministra aulas teóricas sobre o assunto, realiza pesquisas e desenvolve próteses para os membros lesionados nos tratamentos.
O grupo surgiu entre 2001 e 2002 com membros que antes pertenciam à Liga Interdisciplinar de Neoplasias Bucais, fundada em 1999 por membros do centro acadêmico da mesma faculdade. Ele tem uma natureza multidisciplinar e multiprofissional que se dedica às áreas de estomatologia, câncer bucal e, especialmente, em reabilitar pacientes com neoplasias da cabeça e pescoço. Os alunos de graduação da faculdade assistem a aulas teóricas ministradas pelo grupo por meio de uma disciplina optativa oferecida às quartas e sexta-feiras. Dentistas da prefeitura, do Estado e cerca de 15 alunos da graduação são treinados para fazer e colocar próteses nos pacientes. Em torno de 10 pacientes por semestre, encaminhados pelos grandes hospitais da cidade de São Paulo, recebem próteses gratuitas e são atendidos nos ambulatórios didáticos da área de pós-graduação da faculdade de Odontologia.
As próteses aplicadas pelo grupo são buco-maxilo-faciais e são de material artificial fornecido pela própria faculdade. Elas têm a função de reabilitar, com a aplicação de tecidos artificiais, as regiões do pescoço, do crânio, do maxilar, dentre outros membros. O dentista Dorival Pedroso da Silva, gerente do grupo, explica que, por envolver a perda de membros corporais, as próteses são complexas. Elas podem ser intra-orais, parecidas com dentaduras e que restabelecem funções, mastigação, estética e fonação dos membros lesionados nas cirurgias. Também podem ser próteses extra-orais, exclusiva para pacientes que perderam boca, nariz e olhos.
“O grupo tem uma função didática. Ensina os alunos a colocarem a mão na massa”, explicita a dentista Fernanda Campos Sousa Almeida, coordenadora do projeto. Ela também revelou a intenção de efetivar um curso a distância, via internet, para possibilitar o treinamento de dentistas de todo país. Os alunos também são capacitados para diagnosticar de forma precoce as doenças que envolvem perdas de membros, principalmente o câncer bucal. O treinamento e a habilidade de tratar essas doenças por meio de próteses possibilitam pacientes que nem sempre procuram auxílio médico a serem atendidos e obterem um acompanhamento adequado. Dessa forma, é possível reabilitar e inserir, na sociedade, doentes que têm, na maioria dos casos, suas auto-estimas afetadas pelas lesões cirúrgicas, à medida que são disponibilizados novos meios de corrigir defeitos estéticos por meio das próteses.