São Paulo (AUN - USP) - Arquitetos e engenheiros têm os seus destinos traçados desde o momento em que escolhem a profissão: certamente um dia se encontrarão ou, no mínimo, sustentarão, juntos, um grande projeto. O reconhecimento disso fez com que a USP fosse pioneira no desenvolvimento de um programa de dupla-formação para esses futuros profissionais.
A proposta é de ampliar a percepção de cada estudante a partir do contato com visões diferentes, pré-formadas nos ciclos básicos de seus respectivos cursos. Segundo Cláudia Oliveira, uma das coordenadoras do programa FAU-Poli, tenta-se passar para o arquiteto uma visão mais detalhada e funcional, como a do engenheiro, e, no caminho inverso, uma perspectiva mais ampla da construção no meio urbano para o engenheiro civil. Esse contato desde o momento da aprendizagem, quando as cabeças ainda estão em formação, facilitará futuramente quando, num grande projeto, essas pessoas formarem uma equipe multidisciplinar.
Além dos benefícios trazidos à sociedade, o profissional também sai ganhando. É importante dizer que não se trata da obtenção de dois diplomas – o de arquiteto e o de engenheiro civil, mas sim da formação de uma pessoa com atribuições específicas, as quais convertem no aperfeiçoamento e posterior destaque do seu trabalho. O caráter desse projeto ultrapassa as barreiras da formação acadêmica e adquire um viés social, preocupando-se com a construção de um meio harmônico.
No caso da USP, que teve sua primeira turma ingressando em 2004 e agora já está na quarta, formaram-se com esse certificado, até agora, oito estudantes. O perfil do aluno que busca o projeto é de quem já tem predisposição a se dedicar a algo em vista no seu futuro, visando o seu próprio sucesso.
À exceção do processo burocrático que envolve a reitoria e um acordo entre as faculdades envolvidas, o que um projeto como esse precisa é de uma comissão pedagógica para organizar o curso, dando a ele uma lógica tanto seqüencial como conceitual na busca da formação do profissional idealizado. Como confirmado pelo professor Henrique Lindemberg, presidente da comissão do FAU-Poli, não há gastos extras, já que os alunos do curso assistem a algumas das mesmas aulas daqueles do ciclo regular. Apesar do interesse de outras instituições de ensino acerca do FAU-Poli, segundo Cláudia, não há indícios de que algo parecido esteja sendo desenvolvido.
A iniciativa já ocorre mesmo dentro da USP em outras formações e tende a se firmar, a exemplo de experiências desenvolvidas em outros países como França e Bélgica.