ISSN 2359-5191

10/05/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 17 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Física
Ciência tem importância desperdiçada
Professora da USP aponta dificuldades da divulgação científica

São Paulo (AUN - USP) - A ciência perdeu espaço e admiradores. O fenômeno é notável, embora existam esforços para revertê-lo. A professora de Física da USP, Maria José Bechara, reconhece a existência de uma falta de apetite pela ciência na população, além da má qualidade da formação científica.

Além de dar aulas, Bechara trabalha com projetos de extensão universitária e destaca uma frustração de quem lida com divulgação científica: “Parece que, pra população em geral, ciência não é cultura”; “arte plástica, cinema, fotografia é cultura, mas ciência não”, afirma. Ainda assim, diz que o quadro está mudando e expõe que ciência é, assim como a arte, uma forma de compreender o mundo, e é também algo que faz parte da vida, do dia-a-dia.

Para ela, não se trata apenas de um fenômeno nacional. Esse aparente desinteresse é algo comum a várias populações, no mundo todo, embora considere que seja mais intenso nas Américas (mesmo a do norte).

Um pequeno indício de que isso se passa no Brasil é o número baixo de inscrições de jovens para vestibulares em áreas como a Química, a Matemática e a Física em comparação com o número de aspirantes a carreiras em Audiovisual, Publicidade e Jornalismo. Na Fuvest, o maior vestibular do país, no ano passado aproximadamente 46 candidatos disputaram uma vaga no curso de Publicidade e apenas quatro no de Matemática.

A partir daí, há o reconhecimento da necessidade de expandir a cultura científica para além das faculdades. Surgem programas que procuram divulgar descobertas científicas e temas da atualidade em linguagem simplificada, para um público leigo. Tratam-se de tentativas de instigar o interesse pela área.

A professora reconhece a dificuldade de divulgar conteúdo de ciência para leigos e considera que a formação científica das populações no mundo todo é, em geral, muito pobre. Ainda assim, diz que a compreensão é possível, mas em níveis diferentes. Afirma que “a ciência é como a arte” – não ter o mesmo conhecimento estético de um artista não impede que o leigo apreenda a obra com uma sensibilidade própria.

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