São Paulo (AUN - USP) - Método pouco custoso de avaliação da composição atmosférica está sendo testado e desenvolvido pelo grupo de pesquisas do Laboratório de Estudos e Diagnósticos Ambientais da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH) em colaboração com o Instituto de Química (IQ-USP). O método utiliza um amostrador que alcança temperaturas muito baixas e, quando entra contato com a atmosfera, congela o vapor de água diretamente, sem a passagem pelo estado líquido. Esta camada de gelo incorpora simultaneamente aerossóis, isto é, partículas sólidas e líquidas suspensas no ar em que estão concentradas espécies de interesse na avaliação da qualidade atmosférica.
A chuva é um dos processos de limpeza da atmosfera, segundo o professor Andrea Cavicchioli, portanto avaliando a composição química de sua água é possível detectar algumas das substâncias presentes na atmosfera. A EACH, a exemplo da Profa. Aldagiza Fornaro do IAG-USP e do Prof. Jairo Pedrotti da Universidade Mackenzie em outras regiões da cidade, já utilizava a água da chuva para a medição da qualidade do ar através da coleta de precipitações úmidas. Esse método, também de baixo custo e simples execução, dependia que chovesse para que fossem efetuadas as medições e, portanto, ficava comprometido em períodos secos do ano.
Os testes do novo procedimento de medição estão sendo feitos na região da EACH, zona leste de São Paulo, e na Cidade Universitária, para que, futuramente, os dados possam ser comparados. Ainda não há quantidade de amostras estatísticas significativas para a exibição de dados concretos, mas as pesquisas parecem apontar a presença de maior quantidade de compostos iônicos e metais pesados na Zona Leste, possivelmente devido à concentração industrial da região. Entretanto, o professor Andrea Cavicchioli lembra que, em São Paulo, a poluição provém predominantemente dos veículos de transporte.
Os veículos de transporte que utilizam derivados de petróleo, sobretudo o diesel, emitem um dos tipos de poluentes mais prejudiciais à saúde humana, o material particulado. Esse consiste em minúsculas partículas, às vezes de materiais tóxicos e até mesmo cancerígenos, suspensas no ar. Quanto menor forem essas partículas, mais profunda e prejudicial será a sua penetração nos pulmões.
Outro perigoso poluente presente em alta concentração na atmosfera paulistana é o ozônio. Sua formação ocorre indiretamente na atmosfera através da combinação de óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, também emitidos por veículos de transporte, e luz. O pico de concentração de ozônio no ar geralmente se verifica entre às 14 e 15 horas, em função da luminosidade.