ISSN 2359-5191

23/05/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 22 - Economia e Política - Instituto de Matemática e Estatística
Software democratiza computação de alto desempenho
Utilização da capacidade ociosa de computadores pessoais é base do projeto InteGrade

São Paulo (AUN - USP) - Previsões meteorológicas, cálculos estruturais (no ramo da Engenharia), simulações do comportamento mercado financeiro ou até da colisão de duas galáxias: todas essas atividades exigem cálculos e processamentos de dados somente possíveis com o uso de “supercomputadores”. Porém, a aquisição dessas grandes máquinas é disponível a pouquíssimas instituições no Brasil e no mundo. O projeto InteGrade, encabeçado pelo Instituto de Matemática e Estatística (IME), da USP, tem como meta minimizar esse problema a partir do uso compartilhado de computadores comuns para atividades que antes só seriam realizadas com a ajuda de um “supercomputador”.

O InteGrade é um projeto em computação de alto desempenho financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) cujo objetivo é desenvolver um software que permita usar o tempo ocioso das máquinas a fim de resolver problemas científicos e tecnológicos computacionalmente. Fábio Kon, professor do IME e membro do InteGrade, enfatiza a subutilização dos PCs no dia-a-dia: “Quando alguém usa um editor de texto, 90% da CPU (de Central Processing Unit, Unidade Central de Processamento) estão ociosos”.

A partir dessa situação, um paradoxo é constituído: empresas e universidades possuem uma grande quantidade de computadores ociosos e problemas computacionalmente pesados não são solucionados por falta de um computador que tenha capacidade de processá-los. Um grupo de onze professores, onze mestrandos e seis doutorandos, tanto do USP quanto de outras universidades, como a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), PUC do Rio de Janeiro, Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Essa equipe trabalha no desenvolvimento desse software livre, de código aberto, no qual um computador central coordena e distribui paralelamente as tarefas aos outros PCs da rede, que trocam informações entre si e as enviam para o mesmo computador central quando as tarefas são concluídas.

O projeto, por enquanto, é utilizado em aplicações de cunho mais teórico, como multiplicação de matrizes, no ramo da Engenharia. Matrizes de 5 mil linhas e 5 mil colunas, que normalmente levariam 20 horas para serem calculadas em uma máquina, são resolvidas em 20 minutos a partir do compartilhamento dos cálculos em 32 PCs. Outra aplicação já em uso se opera no ramo da bioinformática, mais especificamente no seqüenciamento de genes em cadeias de DNA, e está quase pronta a aplicação do software na síntese de vídeos tridimensionais em tempo real, o que possibilitará a interação com a imagem em alta resolução, numa espécie de “super vídeo game”. Essa imagem será gerada a partir de vários computadores, sendo cada PC responsável por um “pedaço”.

O que falta para o maior sucesso do projeto, portanto, é a divulgação necessária para que o software ultrapasse as fronteiras do meio acadêmico. De acordo com Fábio Kon, “tentamos uma ou duas empresas e o Governo do Estado, mas ainda estamos à procura de clientes que demandem um alto poder computacional para utilizar o sistema que estamos desenvolvendo”.

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