São Paulo (AUN - USP) - Dores de cabeça são relativamente comuns para quem usa aparelho de correção dentária. A novidade que traz uma pesquisa da USP é que essas dores de cabeça, provocadas pelo excesso de tensão que o dentista dá ao aparelho, são resultado da deformação do crânio do paciente.
Coordenada pelo professor Mikiya Muramatsu, a pesquisa existe há cerca de seis anos e usa lasers para medir dados como a intensidade da tensão aplicada nos dentes pelos aparelhos ortodônticos. Muramatsu explica que, assim como a força aplicada pelo aparelho é capaz de provocar deformações nos dentes (o que gera a correção de arcada desejada), é capaz também de deformar o crânio, provocando as dores que muitos usuários de aparelho sentem.
Segundo o professor, os dentistas não têm condições de aplicar qualquer método de medição capaz de evitar que o aparelho fique muito apertado e provoque deformações desse tipo. “Eles fazem tudo de forma muito empírica”, diz, “e não têm como evitar isso”. Por essa razão é que sua pesquisa é parte de um convênio entre a Faculdade de Odontologia e o Instituto de Física da USP, responsável pelas medições.
Muramatsu levanta a possibilidade de se produzir algum aparelho de uso clínico através do qual o dentista pudesse fazer medidas como as da pesquisa, rapidamente, em seu consultório. Ele diz que isso pode ser feito, mesmo porque atualmente os aparelhos de lasers podem ter tamanhos suficientemente pequenos, mas é necessário que alguma empresa se interesse pelo projeto, que haja investimentos.
A pesquisa é feita com crânios secos, com os quais se simula o uso de um aparelho. O crânio é iluminado com raios laser e a imagem fica registrada numa espécie de foto tridimensional, num processo conhecido como holografia. Assim é possível ver as deformações provocadas.
Outra aplicação dos lasers é a medição do tempo de secagem do cimento odontológico, um tipo de massa usado para fixação de dentes e peças metálicas. A pesquisa mostra que o tempo que o cimento leva para secar é de aproximadamente duas horas, enquanto estimava-se que fosse de apenas alguns minutos. Dentro da boca, por conta da umidade, o tempo de secagem é maior do que fora.
Atualmente, o professor Muramatsu usa a holografia para medir a intensidade da mastigação. Ele afirma que a necessidade dessas medidas é notar de que lado um indivíduo mastiga com mais intensidade. Essa desigualdade entre um lado e outro faz com que a mastigação seja mais densa em um dos lados. Em casos patológicos, o dentista corrige essa diferença com aparelhos ou raspagem dos dentes.