São Paulo (AUN - USP) - O autor das fotos na estação de metrô Sumaré, em São Paulo, Alex flemming, teve suas obras iniciais analisadas pela professora da Universidade de São Paulo, Mayra Laudanna, em nova publicação da Edusp, na Coleção "Artistas da USP". O livro "Alex Flemming: obra gráfica 1878-1787" apresenta as fotogravuras, um dos elementos mais importantes do trabalho do artista.
Flemming é um artista brasileiro de reconhecimento internacional. O mérito se deve às suas inovações na arte da fotogravura e à sua irreverência. Foi, na década de 80, um dos primeiros a se dedicar à fotogravura, no Brasil. Teve de driblar as dificuldades de aparato técnico para impressão, adaptando os recursos usados pela imprensa. As imagens trazidas no livro tornam possível observarmos a trajetória evolutiva das fotogravuras, que tiveram, de acordo com as novas formas de produção, novos tipos de imagens e cores.
Na época em que as máquinas de xérox surgiam e impressionavam, Flemming deu a elas um novo uso. Fotocopiava imagens justapostas, de corpos humanos, por exemplo, e chegou a fotocopiar uma caneta Bic e um pincel. Era o ideal de experimentação, de reelaboração de objetos dando-lhes novos significados.
A busca pelo não-convencional vai além da produção artística de Flemming. Na década de 80, fez uma exposição no Masp, sobre o cotidiano da cidade de São Paulo no período, com obras rotativas. Todos os meses, durante os 11 de duração, quatro fotogravuras eram substituídas por outras, tiradas recentemente pela cidade. O que reforçava a idéia de um registro da vida paulistana atualizado e contínuo.
Continuidade, reelaboração e reutilização são marcas da obra de Flemming, ele utiliza mais de uma vez as placas de metais da impressão das gravuras, até o ponto onde elas se tornam objetos de enfeite. As próprias xérox eram um reflexo dessa idéia de continuidade, a cópia pode ser feita infinitas vezes, sempre da mesma forma.
Mayra Laudanna conta que a proposta do livro surgiu porque em outras publicações anteriores a análise de parte da obra gráfica de Flemming havia ficado de fora. E a pedido do próprio artista, ela ficou encarregada de escrevê-lo. Ela diz que sempre houve muito diálogo entre eles, o que é bom para tornar os estudos mais ricos e completos.
O lançamento de "Alex Flemming: obra gráfica 1978-1987" ocorreu recentemente, no Masp, no último dia de sua exposição de fotografias atuais: "A fotografia e a exceção". Traçando um novo começo onde deveria haver um fim. Nada mais cabível a um artista que valoriza a continuidade dos elementos, a reelaboração e o criativo.