ISSN 2359-5191

16/05/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 07 - Sociedade - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Papel das fundações é questionado em debate da II SEMEXA

São Paulo (AUN - USP) - Aconteceu terça-feira, 15 de maio, na FAU/USP o segundo debate da II SEMEXA (Semana da Extensão Universitária). O tema discutido foi a articulação do tripé ensino-pesquisa-extensão na Universidade de São Paulo. A professora Sônia Kruppa da Faculdade de Educação da USP, o aluno Henrique Lauriano Alfonsi, da Poli, e o professor Afonso Fleury, presidente da Fundação Vanzolini da Poli foram os convidados que compuseram a mesa.

Professor da Poli desde 1972 e presidente da Fundação Vanzolini desde 1998, Fleury inicia o debate propondo certas questões para serem pensadas. Primeiramente, interroga a “natureza da instituição universidade hoje” a qual considera responsável pelo processo de geração ou produção de conhecimento. Cita um estudo realizado na Inglaterra que classifica a universidade como “knowledge factory”, ou seja, uma fábrica de conhecimento. “Vivemos a sociedade do conhecimento, a mercadoria de maior valor hoje.” E, se o conhecimento é uma mercadoria, o beneficiado pela extensão universitária é por ele chamado de “cliente”. A dificuldade em explicar o conceito de extensão universitária, faz com que Fleury defina a mesma como sendo “tudo que não é ensino, nem pesquisa”.

A Fundação Vanzolini foi criada em 1967, dentro do Departamento de Engenharia de Produção com o objetivo de promover cursos e programas em administração industrial. Segundo Fleury, a fundação já formou cerca de 20 mil pessoas e foi a pioneira na realização de atividades de educação continuada à distância. Foi a pioneira também na atividade de certificação de empresas brasileiras (concessão de certificados como ISO 9000) e atualmente atende a demanda do governo e da iniciativa privada.

Num momento posterior à exposição dos três convidados, Fleury foi questionado a respeito da contradição presente nas fundações que oferecem cursos pagos dentro da universidade pública. O professor respondeu que o curso gratuito perde a credibilidade e “é considerado de baixa qualidade pelos clientes”. E completa, afirmando que, se existe um público interessado em pagar pelos cursos oferecidos pela universidade, esta tem mais é que aproveitar isso.

O debate prosseguiu com a fala do estudante da Poli, Henrique Lauriano Alfonsi, que enxerga na sociedade alguns poderes mais expressivos: o poder público, do Estado, que deveria seguir a lógica do bem comum; o poder econômico, muito forte atualmente e “definidor dos rumos da maioria das coisas”, regido pela lógica do lucro o que faz com que esse poder avance até onde há mercado e exclua aquele que não tem poder de compra; e o poder dos meios de comunicação que “influenciam as mentalidades e determinam as dinâmicas sociais”. Nesse contexto, a universidade pública deve estar voltada ao bem comum público.

Contrariando Fleury, Henrique afirma que a universidade deve produzir conhecimento e, principalmente, democratizá-lo e não vendê-lo a clientes como uma mercadoria. Segundo o aluno, pesquisa, ensino e pesquisa “são uma coisa só e essa coisa deve ser voltada para uma finalidade pública”. E completa afirmando que a discussão da articulação do tripé da universidade deveria estar nas salas de aula, as quais estão cada vez mais instrumentalizadas e “formando pessoas para o mercado, enquanto deveriam formar cidadãos críticos”.

Por fim, a professora Sônia Kruppa aponta a supremacia que a extensão deveria ter no contexto da universidade. Para ela a “extensão tem que ser o Espírito Santo da tríade ensino-pesquisa-extensão, pois significa a realização da função social da universidade, a aplicação do ensino e da pesquisa na prática.

A professora considera as fundações sujeitos sociais dentro da universidade – pública ou privada. Ela defende a regulamentação do setor privado que oferece serviços que deveriam ser oferecidos pelo poder público. Sua preocupação é relativa aos fins pretendidos pelo setor privado quando oferece tais serviços.

Depois das falas dos três convidados o debate foi aberto para as perguntas dos poucos participantes – cerca de 25 pessoas. Três perguntas foram realizadas. Todas direcionadas ao professor Fleury, cujas respostas já foram comentadas acima.

A professora Kruppa finaliza evento propondo aos participantes que levassem a discussão acerca da extensão na universidade para suas respectivas unidades, pois trata-se de um assunto que “deve ser debatido em grandes públicos”.

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