ISSN 2359-5191

16/05/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 07 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Eletrotécnica e Energia
Energia solar não é solução para apagão

São Paulo (AUN - USP) - A geração de eletricidade a partir da luz solar ainda não é viável no Brasil. É uma solução que exige altos investimentos e tempo. O país não tem o domínio da tecnologia, por isso o processo de eletrificação de residências acaba saindo muito caro.

De acordo com o engenheiro eletrônico Frederico Morante, que trabalha em projetos de eletrificação solar no meio rural, “em uma casa de médio porte, por exemplo, o custo seria em torno de vinte a trinta mil reais”. Muito caro para os padrões brasileiros.

Além disso, o silício, principal componente das placas solares de captação da luz, é obtido a partir da purificação do quartzo. Como não possui essa tecnologia, o Brasil importa esse material de empresas multinacionais a preços muito elevados, o que encarece a implantação de um sistema de eletrificação solar.

Outro problema que surge com a implantação desses sistemas, além do alto investimento inicial, é a falta de leis específicas. Se o consumo de energia for menor que a geração, a parte que sobra é injetada na rede elétrica e vendida. Ela não fica armazenada. “É como uma caixa d’água. Você enche com um poço e o que sobra manda para outras casas”, explica o engenheiro Frederico. E continua, “mas como considerar uma pessoa que gera energia? A parte burocrática é complicada. É preciso regulamentação para definir os preços, que são diferentes entre a energia solar e a gerada hidreletricamente”.

Desde as décadas de 50 e 60, o governo brasileiro investe em grandes projetos de fontes convencionais de energia, como a termelétrica e a hidrelétrica. Essas são mais baratas em relação às chamadas fontes limpas (solar, eólica, biomassa), que acabaram sendo marginalizadas. Segundo Morante, “As fontes limpas são mais caras porque não geram externalidades como as outras. Em outras palavras, não geram danos ao meio-ambiente”. Esse processo faz parte da política imediatista da época, que não visava a um planejamento energético consciente. É por isso que o país não tem o domínio dessas altas tecnologias.

Somente nessa última década houve avanços na área de sistemas de geração de energia solar, mas os estudos ainda estão restritos a algumas universidades. “Faltam políticas públicas de incentivo à educação, à formação de técnicos. É um processo lento”, afirma Frederico. Ele estima que a viabilidade desse tipo alternativo de eletrificação seja possível apenas a partir de 2010. Enquanto isso, a solução que resta para evitar o apagão é economizar.

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