São Paulo (AUN - USP) - Centro de Estudos do Genoma Humano (CEGH) recebe a visita de membros do conselho consultivo internacional para observar, discutir e contribuir com as pesquisas efetuadas na Universidade de São Paulo nesta semana. Além de analisar os estudos brasileiros e se reunir com professores e alunos, os dois pesquisadores apresentaram suas principais pesquisas em uma palestra para especialistas e leigos no assunto no Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências.
Durante a palestra o primeiro a expor seus estudos foi o embriologista Keith Campbell, mundialmente conhecido como “pai” da ovelha Dolly, pois foi o criador da técnica de transferência nuclear que possibilitou a clonagem de um animal adulto. Ele explicou como e o porquê do processo de clonagem. Ele apresentou a história e evolução do estudo da clonagem no mundo, desde o embriologista alemão Hans Spermann que propõe a idéia em 1938 até a criação de Dolly em 1997. A técnica foi testada inicialmente entre anfíbios na década de 1960 e em mamíferos na década de 1980.
O método já foi utilizado em um grande número de espécies, apresentou fotos e gráficos, mas Campbell afirma que, embora sua equipe já compreenda os fundamentos do processo, sua eficiência ainda é muito baixa. Apesar dos problemas da pesquisa apresentados pelo cientista, ele considera necessário a continuação do estudo sobre a clonagem animal para: preservação genética de raças raras, reprodução de animais estéreis, manutenção da pesquisa sobre desenvolvimento do embrião, dentre outras. O embriologista também discutiu a possibilidade e efeitos da clonagem humana.
Síndrome do X Frágil
O outro palestrante foi Paul Hagerman, médico e professor da Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos, e especialista em bioquímica de ácidos nucléicos. Seu atual estudo é sobre a Síndrome do X Frágil, que é possui alguns sintomas de autismo. Esta doença que se caracteriza por retardamento mental e características físicas diferenciadas como: orelhas grandes, rosto alongado, mandíbula proeminente e aumento dos testículos. Mais freqüente em homens, a síndrome que apresenta uma modificação genética no cromossomo X, atinge um em cada dois mil homens e uma em cada quatro mil mulheres. Também provoca problemas de comportamento como alterações de fala e linguagem; problemas de atenção e hiperatividade; ansiedade e comportamento obsessivo; e, oscilações de humor. Hagerman mostrou todo o processo de diagnóstico e evolução da doença através de fotos e vídeos de testes com portadores, além de seus estudos sobre a procura por novas terapias avançadas como estudo do genoma que sejam mais eficazes no tratamento.