São Paulo (AUN - USP) - Estudo de botânica aponta que a iluminação artificial pública tem efeito direto na floração das árvores. Por isso para que o desenvolvimento das árvores não seja prejudicado, os projetos de iluminação da cidade devem ser planejados com a implantação de lâmpadas adequadas ao plantio, evitando, além desperdício de energia, a perda de radiação geralmente usada para iluminar a copa das árvores.
Alessandro Barghini, pesquisador do Instituto de Energia Elétrica que colabora para o estudo no Departamento de Botânica do Instituto de Biociêcias da USP, afirma que a iluminação pública artificial pode ter seu rendimento otimizado em relação ao crescimento das plantas, pois o efeito desta iluminação tem a função de acelerá-lo ou mesmo de quebrar o fotoperiodismo. Esse efeito depende da utilização de lâmpadas favoráveis à fixação fotossintética. Mas na iluminação pública isso não tem sido empregado.
No estudo efetuado por Barghini ocorreu a análise do comportamento de florescência das árvores da Avenida Queirós Filho, na Lapa em São Paulo. Num canteiro central da avenida foram observadas paineiras, uma planta da família Bobacaceae, da América do Sul. São 18 árvores que podem atingir entre 9 a 18 metros de altura e apresentam flores entre março e maio, a pesquisa ocorreu nesses meses de 2007.
Essas árvores estão expostas a dois tipos de lâmpadas: a vapor de sódio e a vapor de mercúrio. E apresentaram floração irregular. Das 18 estudadas, nove possuíam folhas e flores, mas seis delas floresceram apenas no lado da iluminação artificial e três mais próximas da luz artificial e estavam com as copas todas floridas; já a outra metade não possuía flores. A análise do pesquisador constatou que as árvores que floresceram estavam próximas às lâmpadas a vapor de sódio à alta pressão, enquanto as outras estavam expostas ao outro tipo de lâmpada.
“Com o prolongamento noturno [através das lâmpadas] da atividade fotossintética, os estômatos permaneceram abertos por mais tempo, favorecendo uma maior perda de água. Dessa forma, a parte exposta à luz antecipou a floração e registrou perda de folhas antecipadamente ao resto da planta”, explica Barghini.
Esse estudo verificou a relação direta da iluminação com a arborização. No entanto, não apresenta outras conclusões sobre outras espécies de plantas, embora já existam pesquisas a este respeito. Para isso, é preciso maior cuidado da administração pública para que o resultado dessa possível integração entre o meio luminoso e a vegetação seja satisfatório.