São Paulo (AUN - USP) - Conflitos, guerras, dinheiro. Seja lá qual for a razão, a migração de pessoas em busca de novos lares é uma realidade cheia de implicações. Segundo relatório da ONU publicado em 2005, cerca de 191 milhões de pessoas residem fora de seus países de origem. Pensando nesse enorme trânsito de pessoas pelo mundo, é que a Revista Imaginário lança as edições nº13 e 14 com o tema Deslocamentos.
De acordo com a editora da revista, Maria de Lourdes Beldi de Alcântara, “a palavra Deslocamentos está associada ao trânsito de pessoas, de pensamentos, de valores, em um mundo em que a desmaterialização das fronteiras territoriais transforma a dinâmica da identificação do indivíduo com o seu contexto sociocultural”. Nesses deslocamentos, o indivíduo acaba passando por uma reelaboração de sua identidade, dando novos significados a tempos e lugares, que alimentarão um imaginário de pertencimento e permanência.
O lançamento das novas edições será dia 26 de junho às 20h no Museu da Imagem e do Som (MIS), juntamente com o lançamento de três livros que se ligam ao tema da revista por discutirem a questão da impermanência e da reelaboração da identidade em povos indígenas.
O livro “Povos Indígenas em isolamento voluntário ou em contato inicial na Amazônia e no Gran Chaco”, organizado por Alejandro Parellada, é resultado do fórum Permanente das Nações Unidas para questões indígenas juntamente com o International Work Group for Indigenous Affairs (IWGIA) e o Núcleo Interdisciplinar do Imaginário e Memória (NIME) do Instituto de Psicologia da USP. O livro discute os povos indígenas desta região, que se deslocaram de suas terras de origem numa fuga que dura anos para evitar o contato com as sociedades modernas.
Já “Jovens indígenas e lugares de pertencimento – análise dos jovens indígenas da reserva de Dourados”, de Maria de Lourdes Beldi Alcântara, a editora da Revista Imaginário e também coordenadora cientifica do Nime e do Laboratório de Estudos do Imaginário (Labi) do Instituto de Psicologia da USP, é um livro resultado de sete anos de pesquisa na reserva. Maria inicialmente se interessou na região para investigar os motivos do suicídio dos jovens índios Kaiowá. Então passou a investigar como vivem esses jovens, que estão em constante deslocamento entre dois universos culturais distintos: o de sua tradição cultural e o da cidade. Através de seus estudos, também realizou um trabalho junto à aldeia para desenvolver um espaço onde eles pudessem criar um sentimento de pertencimento.
E “Nossos Olhares” é um ensaio fotográfico realizado pelos próprios índios da Reserva de Dourados, que expressam através das imagens essa relação com a sua comunidade e com a cidade de Dourados. É resultado de um ano de oficina de fotografia ministrada pelo Nime/USP e pela ONG Grupo de Apoio aos Povos Kaiowá-Guarani (GAPK), e que foi oferecida a alguns jovens que tinham passado por situação de violência ou tentativa de suicídio. Os jovens fotógrafos estarão no lançamento para autografarem os livros.
A Revista Imaginário, uma publicação do Núcleo Interdisciplinar do Imaginário e Memória - Nime e do Laboratório de Estudos do Imaginário - Labi, Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, é publicada desde 1992 e seus exemplares podem ser encontrados nas livrarias da USP, Cultura e também na internet no site http://www.imaginario.com.br/. O lançamento das novas edições dia 26 de junho, ás 20h no Museu da Imagem e do Som, é aberto a quem interessar comparecer.