ISSN 2359-5191

26/06/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 30 - Economia e Política - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Ruth Cardoso diz que não adianta governo dar mais dinheiro a políticas sociais

São Paulo (AUN - USP) - Para a ex-primeira-dama Ruth Cardoso, o governo federal não deve continuar a injetar dinheiro em políticas sociais, mas deveria gastar bem aquele que já tem destinado à área. “Agora você tem dinheiro? E então, o que vai fazer?”, indagou em conversa com alunos da Faculdade de Economia e Administração da USP. A esposa de Fernando Henrique Cardoso não se referiu diretamente a nenhum programa do governo Lula. Ela também afirmou que “só o desenvolvimento econômico não traz desenvolvimento social”.

Professora do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Ruth defendeu a idéia de que o conceito de desenvolvimento social está muito ligado ao de bases locais, comunidades pequenas que têm personagens atuantes. Segundo ela, quando essas comunidades se voltam para si mesmas, soluções novas e específicas surgem.“Para que se tenha uma política que produza efeitos de sustentabilidade, é preciso dar espaço para o local, que também está ligado ao global”, afirmou.

Na época em que era primeira dama do país, entre os anos de 1995 e 2002, Ruth disse que acabou em Brasília “por acaso”, que não planejava estar ali, e reclamou da maneira como a imprensa brasileira passou a lidar com a imagem da mulher do presidente. Segundo ela, o Brasil país nunca teve tradição de tratar a primeira-dama da mesma maneira que os norte-americanos, como uma mulher que está sempre ao lado do marido em situações oficiais e que praticamente não tem vida própria. “Nos Estados Unidos, a primeira-dama tem funções. É um modelo a preencher. Aqui no Brasil nunca teve”, disse.

Foi durante esse período de sua vida que Ruth Cardoso criou o Comunidade Solidária, atual Comunitas, órgão do governo que incentiva parcerias com entidades e grupos locais atuantes nas comunidades.

Quanto à inserção da população carente no contexto de interação digital, ela defende que não se deve fornecer unicamente cursos técnicos que ensinem somente como manejar a máquina, mas sim desenvolver projetos que instiguem essa camada da população a se beneficiar dos adventos digitais e da internet. “A análise deve partir para saber como conectá-lo com o mundo”, defendeu a professora.

Ela disse ainda que seus primeiros anos na USP foram muito diferentes do que se vê na universidade hoje. Na época em que ela defendeu seu doutorado – sobre a imigração japonesa no Brasil – teve de escolher entre as áreas que seu professor-orientador tinha estudos, e não naquelas de seu interesse, antropologia urbana. Ela afirmou também que teve de se adaptar a um novo modelo de discurso quando deu aulas no Chile, país que abrigou a ela e ao marido como asilados políticos em 1964.

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