ISSN 2359-5191

17/08/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 35 - Economia e Política - Escola Politécnica
Empresas brasileiras se internacionalizam por não caberem mais no país

São Paulo (AUN - USP) - Em 2006, pela primeira vez, as empresas brasileiras investiram mais em empreendimentos no exterior do que receberam capital estrangeiro. Em 2007, essa tendência se confirmou. De acordo com Pedro Wongtschowski, mestre pela Escola Politécnica da USP, a reversão da posição brasileira –de vendedora a compradora de ativos-, é devida ao baixo crescimento da economia nacional. A morosidade brasileira, contraposta à necessidade das empresas de apresentar perspectiva de crescimento, faz com que elas invistam no mercado externo para alcançar a rentabilidade desejada.

“A perspectiva de crescimento é imperativa para empresas de capital aberto”, disse Pedro, na primeira palestra do SEMEAD (Seminários em Administração), recentemente, na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP). Essa perspectiva, ainda de acordo com Pedro, é o que mantém o interesse dos compradores de ações e que facilita a captação de recursos para novos investimentos, nas empresas.

O crescimento econômico do Brasil, por sua vez, é prejudicado pela infra-estrutura “insuficiente”, que Pedro identifica com as crises aérea e de energia elétrica, que devem se repetir nos próximos anos e afetar outras bases da economia. Além de prejudicar o crescimento das empresas locais, essas deficiências estruturais tornam o Brasil menos atraente para investimentos do que outros emergentes, como Índia, China, Turquia e Rússia, para onde grande parte do investimento atual se direciona.

Ao expandir seus negócios ao exterior, porém, é para países mais próximos que as empresas brasileiras destinam suas investidas internacionais. Argentina e México são destinos usuais, por serem também economicamente parecidos com o Brasil, o que facilita aos principiantes no processo, pela familiaridade das legislações e público consumidor. Junto com as mexicanas, as multinacionais brasileiras são as de maior patrimônio líquido na região. Apenas quatro das 15 maiores delas não são brasileiras ou mexicanas.

O passo mais simples das empresas para se internacionalizarem é a exportação mais intensa, seguida do licenciamento de franchising –como o que o Boticário, de acordo com Pedro, realizou recentemente- e aquisição de empresas estrangeiras, com a manutenção dos métodos, trabalhadores e unidades de produção locais. Esse tipo de gestão descentralizada, chamada de portfólio, é o seguido pela ULTRAPAR, grupo de que Pedro é presidente.

Além de gastar menos ao captar dinheiro, pois os juros são mais baixos nesses países, a internacionalização, de acordo com ele, permite às companhias maior estabilidade financeira, por dissolverem-se em várias localidades os riscos de seu investimento. Também há a possibilidade de aproveitar várias vantagens locais, como mão-de-obra barata, as competências e recursos naturais característicos de cada país a que se destinam os investimentos. Há, porém, que se respeitar as particularidades locais, adverte ele.

No México, onde Pedro adquiriu uma empresa “com problemas financeiros”, por exemplo, o empresário se deparou com uma “imagem de Nossa Senhora de Guadalupe com flores de plástico”, em pleno escritório.

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